Franciel Cruz: Um valor mais alto se alevanta

Exatamente no mesmo dia em que a torcida mista voltou a ocupar, de modo revolucionariamente afetivo & festivo, as arquibancadas da velha Fonte Nova, o garoto Carlos Henrique Santos de Deus, de apenas 17 anos, foi brutalmente assassinado após o jogo.

Dentro do estádio, a multidão deu exemplo de que é possível avançar na direção da salutar convivência entre aqueles que torcem por cores diferentes e que rivalidade não é, nem pode ser, sinônimo de violência. Do lado de fora, alguns infames, talvez desesperados em ver triunfar esta rica possibilidade de coabitação, recorreram ao crime, à desgraçada brutalidade de retirar a vida de uma pessoa que apenas veste uma camisa de outra cor.

Aliás, por falar em cores, nos dois últimos anos, uma das características mais tristes e trágicas das manifestações de rua no Brasil foi a impossibilidade de se aceitar alguém com uma roupa de coloração diferente.

Algum apressado pode me acusar de estar misturando as bolas, mas o fato é que pouco importa se a batalha é contra a corrupção ou um time de futebol. A mensagem dos que se filiam a esta tendência totalitária do terror, tanto nos estádios quanto nas passeatas das cores iguais, é a seguinte: eu sou o melhor, o puro, e o outro deve ser eliminado.

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Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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