BA-VI – Pergunto: quem é mais vice DO QUE o rival?

Estatística. Segundo o dicionário
Houaiss seria o “ramo da matemática que trata da coleta, da análise, da interpretação
e da apresentação de massas de dados numéricos”. Ciência exata na prática.
Na teoria, nem tanto. 

Afinal, temos o bendito (ou
maldito) termo “interpretação”. Justamente por conta deste
“interpretação” é que para quase toda coleta de dados estatísticos
podemos direcionar para o ponto que nos interessa. 

Pois foi o que verificamos no
texto do rubro-negro Vitor Hugo aqui no blog, ao tentar transferir a pecha de vice para o tricolor. Afinal, de
110 edições dos Campeonatos Baianos podemos notar que o coletor dos dados
(coincidentemente adepto da equipe canabravense) resolveu se focar no universo
de campeonatos que o interessava, optando por tervgiversar (que significa “usar
de subterfúrgios”, pra facilitar os cabravenses e poupar-lhes a complicada
tarefa de tentar consultar um dicionário) com o intuito de extrair deste
conjunto de dados o resultado que lhe interessa. 

O engraçado é que ele deixou de
analisar os números mais importantes, que são absolutos: quantos títulos e
quantos vice-campeonatos cada um dos times têm. Mais: em quantas participações
cada um destes times obteve estes números. 

Pois bem. De 110 edições o Bahia
participou de 82, contra 99 do EC Vitória. 17 edições de diferença. Ainda
assim, o Bahia sagrou-se campeão de 44 edições, contra 27 da equipe lotada em
Canabrava. Quem gosta de estatística gosta de porcentagem, portanto, pra afagar
o ego do estatístico canabravense, digo que o Bahia venceu aproximadamente 55%
das edições que disputou, enquanto o EC VItória apresenta um aproveitamento de
aproximadamente 27%. 

Uma curiosidade (estatísticos
também adoram usar os números de forma curiosa, portanto lá vai): o Vitória
apenas conseguiu ultrapassar o glorioso Ypiranga em número de títulos no ano de
1989, quando obteve seu 11o título. Lembremos que até aquele ano o Bahia, já
maior vencedor de titulos, já tinha 37, em apenas 58 anos de existência. 

NO quesito
“vices-campeonatos”, especialidade da equipe canabravense, já que as
grandes glórias de sua história são os vice-campeonatos obtidos no Brasileirão
e na Copa do Brasil, aí sim temos os canabravenses na frente, em números
absolutos. São 25 vices-campeonatos contra 20 da equipe tricolor.
Percentualmente, com relação a quantidade de participações, o índice tricolor
de vices é quase idêntico: cerca de 24% de colocações prateadas do Bahia,
contra aproximadamente 25% do EC Vitória 

Contudo (agora quem vai ter
tervgiversar sou eu!) isto encontra uma fácil explicação: a dificuldade do
Vitória em chegar às finais, o que era mais acessível pro Bahia, face a maior
qualidade de suas equipes durante maior parte da história. Afinal, o Bahia
chegou à final (ou terminou entre os dois primeiros) em 78% das edições que
disputou, enquanto os canabravenses alcançou tais postos em 52% das vezes. 

Outro ponto que evidencia a
vocação dos canabravenses para o vice-campeonato está na proporção entre
títulos e vice-campeonatos. Notamos que o Vitória tem quase o mesmo número de
títulos e vices (27 contra 25), o que mostra que em quase metade das vezes que
terminou nas duas primeiras colocações foi vice. O Bahia, por sua vez, foi vice
apenas 31% das vezes que terminou entre os dois primeiros. 

Diante de tais números, pergunto:
quem é mais vice do que o rival? A resposta está bastante clara.

Carlos Patrocínio

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