Se beber, não vá à Feira

O Brasil está em campanha pela vida. A Lei Seca proíbe a venda de bebidas alcoólicas nas estradas federais, como a BR-324, que liga Salvador e Feira de Santana, onde acontece hoje a partida entre Bahia e Fluminense, programada para 5 da tarde.

A idéia é reduzir o número de mortes provocadas por acidentes envolvendo os ‘bêbos’ ao volante. Quem tomou o susto de ter seu carro atingido por outro, dirigido por um bebum, sabe como a morte joga duro quando se alia ao álcool. E quantos morrem neste susto!

Dirigir tem muito a ver com o esporte, pois cumprimos um regulamento. Se contrariamos esse regulamento, a probabilidade de acidente é grande. Prof. George explicou, outro dia, no jornal da manhã da TV Bahia, que a pessoa bêbada fica mais animada.

Segundo o professor, os goles levam à euforia e um estado de confiança pleno que resultam no “esquecimento” das regras do jogo da pista. Daí até começar a dar contra-mão e fazer ultrapassagens perigosas nem precisa de mais uma dose.

Sabendo ainda que a BR-324 tem sido uma das estradas federais mais perigosas da Bahia, por conta da precariedade da manutenção, é preciso um reforço, hoje, por parte de todos os meios republicanos possíveis, no sentido de evitar mais mortes tricolores.

BAFÔMETRO

Ao programar o jogo para Feira, provavelmente os organizadores só visaram ao dinheiro, da mesma forma como encheram uma Fonte Nova em condições estruturais precárias, o que resultou na morte de sete torcedores em novembro do ano passado.

Doutora delegada Marilda enquadrou cinco, mas continuamos sem dar o menor valor à vida das pessoas, como ocorre nesta programação para Feira, pois a ida e vinda na BR hoje será um jogo de alto risco para os torcedores de Salvador.

Ninguém deve ter pensado nisso, ou se pensou, não deu muito valor. Quem quiser que se vire. Menos mal que a incompetência administrativa generalizada vai equilibrar este jogo: meu vizinho Ocemar informou, por e-mail, que o ingresso subiu pra 20 reais.

Gente, 20 reais! Estava em 15, foi pra 20! O objetivo, provavelmente, é reduzir mais a vergonhosa média de público pagante que tem feito a Bahia regredir a números dos primórdios da era profissional, nos anos 1930, quando a população era muito menor.

O valor do ingresso vai melhorar o serviço da Polícia Rodoviária Federal, pois afastará parte do público que decidir se aventurar pela BR. Mas é preciso reforçar as equipes, fazer uma ou duas barrreirinhas de bafômetro e tentar orientar o torcedor-motorista.

GRAVATINHA

Problema é que, quem gosta da birináite, já vai lavado de Salvador. Não sei se é possível uma medida emergencial, mas alguma instituição da República dessa poderia pedir que fosse impedida a venda de bebida no Jóia, hoje. Ajudaria muito!

Resultado mais ameno é um empate. Na derrota, os tricolores voltarão aborrecidos e alguns poderão querer descontar no carro. Na vitória, entusiasmados que só eles, podem até resolver pisar um pouquinho mais fundo. Mais riscos de acidente.

Seria interessante se a mídia de maior alcance fizesse este papel educativo, no sentido de alertar quem está indo e vindo (à noite, os riscos aumentam) para respeitar a Lei Seca e evitar lavar em Salvador, na ida, e no Jóia, antes de voltar.

Mas o foco, sempre no chamamento de público, e quase nunca no zelo pela segurança, é que nos faz essa Babilônia tão difícil de se viver em paz e com dignidade. A melhor opção seria mesmo mandar os jogos no Barradão, mas o Vitória foi cruel em não deixar.

Tanto dirigente de voz empostada, todo gravatinha, digno de tantos elogios, e o resultado disso tudo você vê em Salvador: só um estádio que preste, e logo aquele que era o Lixão! Acabamos com todos: Parque Santiago, Vila Canária, Pituaçu, Fonte Nova, todos!

Parecemos uns meninos-mimados que ganham um monte de brinquedos e nenhum presta, quebra-se todos até papai Estado comprar outro com o dinheiro do cidadão contribuinte. Claro, o bambá não sai do bolso dos administradores do futebol, ao contrário, até deve entrar algum, pra quem conhece o jogo das empreiteiras.

DOIDO

Onde está tanta competência alardeada? Será que somos mesmo todos uns bestas para ficar acreditando em tanta conversa mole? Transferir o mando do Bahia para Feira, por causa dos prejuízos em Camaçari, é mais um chute torto pela linha de fundo.

O jogo da casa de vovô Leandro é Itabuna x Vitória, no horário de preliminar, 3 da tarde, que é pra ter futebol somente no segundo tempo e poupar os jogadores, uma “sábia” medida dos nossos dirigentes sabichões, deve ser para garantir a sobrevida dos atletas, que vêm sendo muito exigidos ultimamente.

No mesmo horário humilhante, o Atlético recebe a visita do Colo-Colo de Ilhéus. Os jogadores baianos não se organizam não? E os médicos, o que dizem? Não tem uma associação de preparadores físicos, nada? Então, vamos continuar enfrentando o sol! Por muito menos, os incas teriam nos levado ao altar do sacrifício em Macchu-Picchu.

Às 16 horas (podia ser 17, tem refletores!) o Poções, animado depois de vencer o Bahia, vai querer repetir a dose diante de outro time que também venceu o tricolor, o Ipitanga.

Em Juazeiro, agora sim, em horário de profissionais, 5 da tarde, o time da Carranca recebe o Camaçari de Andressa e Gigante. O Juá precisa abrir o olho porque o Poções vem aí doido pra se livrar da lanterna.Blog Paulo Leandro

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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