Rui Carvalho acredita!

Meu fiel colaborador Rui Carvalho talvez seja o que o professor Max não consideraria de “um tricolor típico” para seus estudos de sociologia. Certo das dificuldades que o Bahia enfrentaria para se classificar, recuou a ponto de não comparecer ao jogo contra o Fast.

Não é o ideal mais badalado do torcedor fiel acima de tudo, como se imagina, graças à lavagem midiático-cerebral. Rui é do tipo reflexivo, que se propõe lúcido, não hesitou em desistir e até já havia rasgado suas carteirinhas do movimento Onda Tricolor.

A classificação nos acréscimos e tudo, uma coisa maravilhosa, mudou tudo no coração de Carvalho. Agora, está de tal forma confiante que se confessou arrependido e estará hoje, entre os milhares, no jogão contra o CRAC de Goiás, na Fonte Nova. Virou “tricolor típico”.

Rui nem parece ter dado muita bola para o tal panfleto editado por uma misteriosa Voz Tricolor, que relaciona uma série de imóveis supostamente colecionados pelo presidente eterno, além de publicar algumas passagens tristes na história recente do Bahia.

O documento foi parar no blog do Juca, um dos poucos jornalistas esportivos brasileiros. Tivéssemos mais jucas e talvez menos cartolas estariam mandando tanto tempo nos grandes clubes brasileiros. Problema é que Juca soa até estranho num ambiente tão inóspito.

Se pelo menos um pouquinho daquilo que está no panfleto é verdade, imagino o que nós, jornalistas, estávamos fazendo durante estes 35 anos. Ainda bem que nada daquilo deve ser verdadeiro, senão o certo era devolver o registro na Delegacia Regional do Trabalho.

Entendo que as pessoas devam assinar seus textos, até pra gente saber quem sabe e quem não sabe escrever o ‘porque’ certo. Tem um porque junto que está separado. E um por que separado que devia ser junto. O pessoal dos 40 em diante erra pouco esta ortografia.

É por isso que não acredito ter sido Nestorzão, que foi parar em delegacia de polícia para se explicar. Ele disse ao doutor delegado que é inocente, mas as vítimas do panfleto acharam que o bandido infrator era o mesmo autor de Bahia Esporte Clube da Felicidade.

Nestor editou mesmo uns jornaizinhos, mas foi no tempo do Democracia Tricolor. Isso já tem bem uns 15 anos, quase. Agora, pela qualidade da editoração eletrônica, bem que poderia ser ele mesmo. E muita gente iria considerar o acusado um herói.

Foi até melhor para as vítimas que nada tenha sido comprovado contra o velho Catroca, dos tempos do baba da Codeba, grande cartola dos nossos divertidos matches, junto ao irmão Popó Cabral, outro entusiasta do tricolor, destes que vai jogar bola fardadinho de Bahia.

Como estudante metido a querer entender de análise da narrativa, fiquei também impressionado com a capacidade de pesquisa dos misteriosos editores, pois havia referência a uma reportagem de 1994, provavelmente escrita por algum dublê de repórter-assessor.

Mas vacilaram, se não me falha a memória, quando informaram errado que a maior goleada do Vitória foi aquele 6 a 2. O Leão deu 7 a 1 em 8 de julho de 1948, três de Carlito, dois de Jayme, com Dario e Tombinho completando o placar.

Pior é que o tal Voz Tricolor está anunciando a distribuição de uma nova edição, sobre os bastidores de negociações secretas de alguns jogadores. Como os hominhos estão alertados, quero ver como é que esta militância misteriosa vai conseguir passar os jornais indesejados.

E a gráfica é boa, viu? Pelo menos é o que se percebe na definição de cores, embora não tenha visto o documento em impresso, apenas no link que o blog do Juca faz para o Portal Esportivo. Diagramação porreta, rapá. Com direito a arte-final na parte do coveiro. Parabéns!

Recomendei ao amigo Edmilson Gouvêa que não deixasse de tentar ouvir as vítimas do panfleto e ele disse que falou com o assessor do clube e iria publicar que o pessoal agradeceu, mas não quis falar sobre o assunto meio chato. Não sei se fez isso, mas deveria. Contraditório proporcional é sagrado pra quem mexe com comunicação.

O importante é que o Bahia se salvou e está de volta aos trilhos para escapar da terceirona, como meu fiel colaborador Carvalho sonhava. É capaz de ele levar pra Fonte seu Osmar, o amigo dele que também andava meio desgostoso, tomando banho frio enquanto o Bahia sofria contra o ABC. Agora, é outra estrada, com panfleto ou sem panfleto.Paulo Leandro – Portal Esportivo

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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