Os técnicos de futebol são realmente vítimas?

Como já divulgado neste blog, há uma proposta fertilizada entre os técnicos de futebol, fixando limite máximo de contratação deles, pelos clubes, por ano. Sugerem máximo de dois. Deixa-se a transparecer que eles são os “pobres coitados”, vítimas da “cultura” do futebol, uma vez que os dirigentes se curvam aos protestos de seus torcedores e os substituem quando há campanhas insatisfatórias, segundo eles normais pelo tempo executado.

Acho muito interessante, pois, no fundo, os técnicos são os que mais lucram com esta “cultura”. Temos inúmeros exemplos no futebol brasileiro. O técnico é contratado por um ano. Nos meses iniciais, com resultados indesejados a tal da “cultura” rescinde o contrato que é determinado e o clube tem que ressarcir o técnico quanto ao tempo que lhe resta. Sendo técnico famoso, não fica muito tempo desempregado e em seguida é contratado por um outro clube e se houver insucesso a festejada “cultura” vai também o demitir. Resultado?

Em um ano, pode faturar dois anos, com meses sem trabalho, ganhando-se na rede. Os salários dos técnicos são altos e o prejuízo, para os clubes, pela não manutenção, de tamanho dobrado, pois terá que pagar ao novo ou na realidade aos dois. Então não é por aí.

Também a proposta deles se resume num “tiro no próprio pé”, pois em termos corporativos atenta contra os interesses deles. Vamos supor que o clube seja proibido de contratar o terceiro técnico numa temporada. Com resultados desfavoráveis do segundo técnico, esta “cultura” vai pressionar os dirigentes e fatalmente eles não podendo contratar o terceiro, efetivarão o auxiliar técnico ou opção caseira. Não haveria ilegalidade, porque o contrato de trabalho do auxiliar já estaria em vigência.

Com a impossibilidade de contratação do terceiro técnico, com opção da hipótese acima, aumentar-se-ia o número de técnicos desempregados, ou não?

Aqui, para nós, que profissão boa esta. O demitido é antes de tudo um premiado, comparando-se com os demais empregados brasileiros.

Também reconhecemos que eles têm razão, quando criticam a falta de tolerância inicial da torcida e dos dirigentes. Temos até um exemplo recente. Pela torcida do Internacional, o Guto deveria ser demitido, mas com a sua manutenção começam a surgir bons resultados e os colorados que se desesperavam na sétima colocação, no próximo jogo, poderá ser o líder.

Esta “cultura” não é tão desastrosa, porque se observam exemplos anteriores, com mais sucesso, com as substituições do que com a desejada tolerância. Punição, sim, deveria existir para nossos dirigentes, apurando-se internamente suas ações e omissões se prejudiciais aos clubes. É o que penso.

ATAUALPA – Torcedor do Vitória e amigo do BLOG   

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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