Waldir Peres: O injustiçado da Copa do Mundo de 1982

O mais difícil para um goleiro é jogar em um time excelente e tido como imbatível. Por mais que ele seja capacitado e salve o time em inúmeras oportunidades, o camisa 1 sempre será responsável maior pelos eventuais tropeços, ainda mais se ele for traumático, como, por exemplo, a derrota do Brasil para a Itália (3 a 2), na Copa do Mundo de 1982.

Por mais que Waldir Peres, o nosso goleiro naquele dia em Barcelona, não tivesse nenhuma culpa nos três gols tomados, o arqueiro, que faleceu domingo (dia 23 de julho), conviveu 35 anos com comentários – principalmente de gerações que não acompanharam sua carreira ou aquela Copa do Mundo – que ele tenha falhado nos gols marcados por Paolo Rossi e que a sorte daquele time fantástico seria diferente se Waldir Peres não fosse nosso goleiro.

Naquela Copa do Mundo, Waldir Peres cometeu uma só falha. Ele tomou um frango incrível na partida da estreia contra a então URSS. Depois fez um Mundial muito bom.


Na partida contra a Argentina, por exemplo, ele teve uma atuação impecável, fazendo inúmeras defesas difíceis, principalmente quando o time platino, precisando da vitória, pressionou muito o Brasil no início da partida. Se Waldir Peres não tivesse tido uma das melhores atuações de um goleiro na Copa do Mundo de 1982, com certeza, o Brasil não teria vencido a Argentina por 3 a 1.

Também é preciso dizer que não foi nenhuma injustiça Waldir Peres ser o goleiro do Brasil em 1982.

Revelado na Ponte Preta, ele se destacou no São Paulo, clube que ele chegou em 1973 e só saiu em 1985, depois de disputar 617 partidas pelo clube – recorde batido apenas por Rogério Ceni – e esteve presente nas Copas do Mundo de 1974 (Alemanha) e 1978 (Argentina). Depois de sair do time do Morumbi ainda atuou por América-RJ, Guarani, Portuguesa, Corinthians, Santa Cruz e voltar para encerar a carreira na Ponte Preta, aos 38 anos.

Waldir Peres, não era muito alto, mas tinha boa colocação e também era ágil. Ele foi um dos poucos goleiros que sentia quando levava um frango – ele até brincava com a situação. Depois de uma falha, Waldir Peres buscava a bola no fundo das redes e voltava com ela sorrindo, assumindo o seu erro, passando confiança para os seus companheiros e não demonstrando nenhum sinal de nervosismo. Depois do erro cometido, ele sabia que não poderia voltar o lance e seguia jogando, fazendo suas defesas, como se nada tivesse acontecido.

O arqueiro também foi um grande pegador pênaltis. Ele tinha uma maneira toda especial de irritar os batedores de pênalti. Com a catimba de Waldir Peres no gol, o São Paulo ganhou o Campeonato Paulista de 1975, contra a Portuguesa, e o Campeonato Brasileiro de 1977, contra o invicto Atlético-MG, na disputa de penalidades máximas, com seu arqueiro desestabilizando os cobradores adversários.

Ficou para a história – e também garantiu sua vaga de titular na Copa do Mundo de 1982 – quando Waldir Peres defendeu dois pênaltis do craque alemão Paul Breitner, em um amistoso entre Brasil e Alemanha, disputado em 1981 em terras germânicas. Só para constar: Breitner era um exímio batedor de pênaltis e dessa maneira marcou um gol na final da Copa do Mundo de 1974, quando os alemães bateram a Holanda (2 a 1).

Ele defendeu a primeira cobrança e o árbitro mandou voltar. E na segunda tentativa do alemão o goleiro brasileiro espalmou para escanteio – confira essas duas defesas aqui.

Por tudo que fez em sua carreira é uma grande injustiça de dizer que Waldir Peres não está na lista dos nossos grandes goleiros. Agora, espero que ninguém mais o transforme no grande responsável – e único – da nossa derrota na Copa de 1982.

Por: Humberto Luiz Peron, ao Blog PERON NA AQUIBANCADA, do Globoesporte. 

Autor(a)

Fellipe Amaral

Administrador e colunista do site Futebol Bahiano. Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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