CBF x Clubes: Medo, omissão, frouxidão ou conveniências

As 27 federações estaduais, algumas delas completamente inexpressivas e uma governada por um presidente já por 40 anos, aprovaram, na última quinta-feira, o novo estatuto da CBF. Apesar de o colégio eleitoral ter sido aumentado, com a inclusão dos clubes das Séries A e B do Campeonato Brasileiros, as Federações terão peso (3) na votação, em relação aqueles que de FATO promovem o futebol e é a própria razão das federações. Com isso, os clubes, apesar da maior quantidade.  perdem no voto qualitativo pelo placar de 81 a 60. Eles decidem.

Antes da reforma. os clubes tinha 40 votos e as federações 27, ou seja, se de um lado ficarem os “Ednaldos” e do outro lados os clubes, vão prevalecer as determinações das Federações que não geram receita, não tem um jogador e nenhum torcedor e promovem, no máximo, campeonatos deficitários como o campeonato baiano, por exemplo, e administram ligas amadoras, muitas delas utilizadas para fins políticos, mas que, no entanto, tem o poder de eleger o presidente da CBF, aliás, que se diga, uma CBF que deveria ser VISTA no mínimo com certa suspeição e severa desconfiança pelos CLUBES,  já que um dos ex-presidente de época recente, está preso (já nem sei se continua), acusado de todo tipo de maracutaia, que vai do esquema de corrupção na Fifa e crimes como o de receber propinas nas negociações de direitos de TV, suborno em contratos da Copa do Brasil e coisa e tal, enfim, de meter no BOLSO aquilo que não lhe pertence.

Um autêntico Sérgio Cabral de cabelos grisalhos, quando se revela nos seus melhores momentos na arte da gatunagem. Já o atual presidente da CBF, por sua vez, não pode viajar por receios de ter o mesmo destino do grisalho: cadeia.

E qual a reação dos clubes, essência principal e razão única da existência do próprio futebol? O que eles fizeram neste e no caso da reforma do estatuto que reservaram a eles um papel secundário e sem força de decidir seu próprio destino?

NADA. Absolutamente NADA, no máximo, esperneio em voz baixa quase sempre nos bastidores, e o pior, quando encontra alguém,  como foi o caso do deputado Federal Otávio Leite, disposto a questionar a CPF nos tribunais, fórum legitimo e adequado, preferem sair de banda e deixar o barco correr solto, como se admitissem e reconhecessem o papel pequeno e menor dos clubes brasileiros e poder absoluto da CBF, através da vitamina que as Federações acabaram de receber. Impossível acreditar que essa omissão não traga a reboque conveniências diversas, já que não acredito que só se trata de mera frouxidão.

O jornalista Perrone, no seu BLOG, de forma polida e profissional, tratou do assunto e ouviu de dirigente importante do futebol brasileiro que a questão é que: Folha que caiu da árvore não volta mais – ou simplesmente: JÁ ERA

Veja ai

Relator do Profut, lei responsável por refinanciar as dívidas fiscais dos clubes, o deputado Federal Otávio Leite (PSDB-RJ), instiga os dirigentes a entrarem na Justiça para anular a assembleia que mudou o estatuto da CBF na última quinta. Porém, mesmo indignados por não terem sido chamados para participar do encontro, atitude ilegal segundo o tucano, os cartolas não se mobilizaram até agora para tentar anular nos tribunais o encontro que deu poder maior de voto para as federações em relação às agremiações .

Alguns dos principais cartolas do país são céticos em relação às chances de anular a assembleia, como sugere o deputado, e apontam, reservadamente, falta de união entre os clubes para isso.

“Folha que caiu da árvore não volta mais”, disse ao blog Modesto Roma Júnior, presidente do Santos, resumindo o sentimento de quem não tem esperanças de ver a decisão da CBF ser modificada, apesar de não ter gostado da atitude da entidade de não convocar os clubes. O blog conversou com ele e outros dirigentes antes da sugestão do deputado para entrarem na Justiça e nenhum deles aventou essa possibilidade.

Daniel Nepomuceno, presidente do Atlético-MG, nem entrou na discussão sobre o fato de os clubes não terem sido convocados. Extremamente descontente com a situação, ele critica duramente o peso diferenciado dado à participação de federações e clubes nas próximas eleições da CBF. O voto delas terá peso três, os das equipes da Série A terão peso dois e os da Série B um. Antes, só votavam entidades estaduais e times da primeira divisão com pesos iguais. Mas o Profut mudou a Lei Pelé e incluiu os clubes da Série B no colégio eleitoral, evitando que as federações fossem maioria. Porém, a confederação manteve o poder nas mãos delas com a reforma estatutária.

“A CBF criou critérios distintos. Clubes das Séries A e B têm votos com pesos diferentes. E os da C nem votam. Mas federações com times só na Série C ou nem na C têm o mesmo peso das federações com equipes na primeira divisão. Clube pobre não tem voz, mas federação pobre tem”, disparou o presidente do Galo.

Ele também contesta o fato de entidades que não representam agremiações que estejam nas Séries A e B terem voto mais “pesado” do que equipes da elite. “Quem paga o futebol brasileiro tem peso menor”, disse o atleticano.

Outro que está contrariado é Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo. “Não concordo (com a mudança e a maneira como ela foi decidida). O espírito do Profut, que deu poder de voto aos clubes da Série B era no sentido de clubes e federações terem igual poder de voto”, declarou Bandeira.

Se quiserem comprar a briga, os cartolas terão Leite como aliado. “A assembleia foi ilegal e teve o objetivo de manter o status quo que é pré-histórico. O direito dos clubes de participar da assembleia é líquido e certo. No meu entender cabe a eles se insurgir politicamente e juridicamente contra essa situação”, disse Leite ao blog.

Ele afirma já estar se movimentando para tentar anular a assembleia. “Como relator do Profut não vou aceitar esse retrocesso. Estou em contato com a consultoria da Câmara para estudar o que pode ser feito”, afirmou.

O parlamentar sustenta a irregularidade da assembleia com os artigos 22 e 22 A da Lei Pelé modificados pelo Profut. Além de incluir os clubes da Série B no colégio eleitoral, ele diz que a “os votos para deliberação em assembleia e nos demais conselhos das entidades de administração do desporto serão valorados na forma” do artigo que determina a participação dos times das duas principais divisões no colégio eleitoral. Ou seja, com a inclusão dessas agremiações na assembleia que alterou o estatuto na interpretação do relator do projeto de lei.

Outro lado

Procurado, Walter Feldman, secretário-geral da CBF, não respondeu sobre a acusação de irregularidade afirmando que o departamento de comunicação da entidade já estava em contato com o blog. Porém, nenhuma resposta foi enviada até a publicação deste post. Ao Blog do Rodrigo Mattos, Feldman havia defendido a não convocação dos clubes para a assembleia administrativa sustentando que isso não está previsto nas regras.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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