Internacional: Um abraço apertado na humildade

Durante anos, criou-se a idéia que disputar o campeonato na 2ª divisão, seja lá de que modalidade esportiva, é uma tragédia, especialmente quando acontece via o rebaixamento. A gravidade é algo bem próximo da diminuição da escala hierárquica de um tenente que virou sargento e ai, é aquele deus nos acuda e o desamparo moral chega trazendo um efeito devastador e tudo recebe ares de gravidade adicional, quando a redução da patente é no futebol, onde o orgulho parece ser atingido por uma bala a qeima roupa bem no pé do ouvido.

Um exagero sem tamanho, que acredito que tenha origem da rivalidade que festeja o adversário, como se realmente estivesse no “sub-solo” do futebol nacional, vivenciando um cenário sombrio, triste e definitivo, assim como nos velhos açougues, que tipificava seus clientes de acordo com a qualidade da carne que comprava, se de primeira ou de segunda.

Exemplo de quedas e retornos triunfais pode ser visto a cada ano sem registro de mortos, decepados ou capados, mantendo a virilidade ainda no estado de macho de modo intacto. Vimos agora com Vasco e o Bahia, que voltaram sem prejuízos significativos aumentando de certo modo o orgulho de ser tricolor, isto no caso especifico do Esporte Clube Bahia.

Mas no caso do Internacional, por exemplo, tem um agravante mortal: o orgulho, a autoridade gaúcha, a superioridade sulista, a bunda redonda, o sapato alto, o nariz mesmo que afinado sempre de pé. Ah, estes tem falado grosso e forte levando o tradicional time gaúcho para além da queda, para um encontro perigoso com o ridículo e o reencontro com a arrogância.

Os homens das finanças do Internacional, através de números, já atestaram que neste aspecto não haverá perda de receita. Zero. Não haverá redução de cota de TV, e sabemos que a história do Internacional não será maculada de forma importante, pelo contrário, pode ser uma grande oportunidade de demonstração de força e reequilíbrio para um retorno mais forte e glorioso, com um adicional fantástico, pois além de ser a sua primeira queda, será também seu primeiro e talvez único abraço apertado e afetuoso na humildade que, seguramente, lhe transformará em um clube, agora apenas resignado, aceitando com dignidade as regras do jogo, em clube ainda mais grandioso e respeitável no próximo ano, penso!

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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