Você acredita no acesso do Bahia este ano? Eu não!

O futebol sempre foi visto como um esporte imprevisível e com um leque de possibilidades enorme, mesmo quando envolvendo clubes sem a mesma equivalência de força. Em alguns casos, um simples lance, uma falha, um gol perdido, outro apenas achado, pode mudar o resultado e a história de um jogo ou de um Campeonato, em um mero segundo.

Mas estes fatos quando acontecem, são de tempo em tempo e sempre em casos isolados. No entanto, no futebol, na sua normalidade e na maioria dos jogos, o fraco continua perdendo, enquanto o mais bem preparado continua vencendo, ai é que entra a fé e as assombrações, que se encarregam de manter o fogo da esperança sempre aceso. E a crença, quase como uma profissão de fé, acontece até quando todos os santos estejam negando o amém, por não acreditar no merecimento do suplicante, seja ela por incompetência, por lerdeza, por ignorar sucessivos equívocos e avisos, que apontavam para a necessidade de ajustes imediatos, motivados por FRACASSOS continuados, evitando assim os joelhos dobrados, a coluna curvada, enchendo os colhões de São Antônio e seus derivados de súplicas. 

É o caso do Esporte Clube Bahia no atual campeonato Brasileiro da Série B, onde ocupa o 10º lugar, com 24 pontos, após 18 rodadas, após perder para Tupi e Bragantino e empatar com o Sampaio Correa, que brigam pelo troféu do pior clube do torneio da CBF.

Perdeu o Campeonato Baiano jogando por dois empates. Ok. O time está bom. O importante foi a sinergia vista e observada entre o time que venceu o Vitória por 1 x 0, a torcida e o treinador do Doriva. Foi simplesmente fantástico. Lamentos apenas para as péssimas arbitragens de uma dupla de árbitros gaúchos, que praticamente roubaram do Bahia o troféu de tricampeão baiano e entregaram ao Esporte Clube Vitória.

Eliminado pelo Santa Cruz dentro de casa pela Copa do Nordeste. Jogava por 2 empates. Ok. Sem problema. Time está bom. Deixem de PRESEPADAS. O importante é que o trabalho está sendo bem feito e nosso planejamento é para médio e longo prazo. Precisamos liquidar a cultura de resultado, isto é algo antigo que iremos acabar, pois já não cabe nas administrações modernas, além de considerar que a derrota só aconteceu por uma falha individual de um dos nossos mais promissores jogadores da base, o zagueiro Robson, hoje enviado pelo Bahia pra lá de Bagdá.

Eliminando pelo América-MG dentro da Fonte Nova. Copa do Brasil. Ok, sem problema e sem mudança alguma, só o aumento da fé. Deixem de PRESEPADAS. Evidente que a culpa não foi do Bahia maravilhoso e sim do árbitro Vinicius Gonçalves Dias Araújo, que validou o gol marcado por Sueliton em posição de impedimento e não assinalou pênalti em Henrique. E claro, foi evidenciado que a meta do Bahia era o acesso, assim que começasse o Brasileiro da Série B e não a Copa do Brasil. Relaxe meu Filho!

Neste período, quem se aventurou e reclamou da conquista da tríplice coroa dos fracassos, SE FODEU, foi taxado de integrante da imprensa Jazabeira, passional descabaçado, anti-Bahia, quando não, sentava NU e mexia no colo de Marcelo Guimarães Filho. Eram os defensores da pátria lutando contra a invasão dos vietcongues, pela praia do canta galo, lá na calçada. 

Começou o prometido Brasileiro da Série B. Após 12 rodadas realizadas e o clube acumulava já seis derrotas. O fracasso de antes se repetia do mesmo jeito e modo. A pegada era a mesma, CONTUDO, neste momento, como mágica, talvez hipnotizado pelas sucessivas derrotas, aconteceu o inacreditável, o inimaginável, o milagre, o presidente Marcelo Pereira se invocou, acordou, levantou atordoado e despertou, talvez manifestado por alguma entidade do mundo do candomblé, e aleluia irmão, admitiu que Doriva era um técnico perdedor e ao perder para o Vila Nova, outra vez, o impensável se revelou de modo fantástico, pela novidade repetida em tão pouco tempo: descobriu que Thiago Ribeiro era um imprestável e que o Lateral Hayner não passa de um pangaré de carteira assinada, e outros atrasa-lado foram mandados embora. Antes disso, enterram o baba por quase meia dúzia de meses, sob o olho cego do departamento de futebol, completamente incompetente, que só redescobriu a pólvora após comprometer o sonho do acesso, pela insistência absurda com o técnico Doriva e jogadores de nome, MAS sem futebol

Todos os fracassos antes do início da Série B foram desconsiderados, simplesmente ignorados, quando não, atribuídos a terceiros, como juizes ladrões, bandeiras gatunos, a puta que me pariu, a inscrição de Victor Ramos de forma ilegal, falta de sorte, excessos de gols perdidos, jamais ou em tempo algum ou sob qualquer pretexto, pela total ausência de percepção da direção em notar, identificar ou apenas desconfiar, que havia pelo MENOS INDÍCIOS que algo não estava funcionando em um time perdia TUDO e, assim, o Bahia absorveu um longo período perdido, gastos em boa parte em discursos, que jamais encontraram associação entre o dito e o de fato realizado.

Moral: Após a 16ª rodada, o Bahia estreia na Série B como se acabasse de ser comunicado da realização do torneio e daí precisava de REFORÇOS, apanhou uma sacola e saiu catando aos quilos o que achou pela frente. Afinal: A Série B ia começar. Reforços em lata e em saco para hoje,  não para amanhã. Às pressas e em cima das coxas, é contratado um novo treinador que não conhece o grupo e 5 novos jogadores, mas não contrata um reserva para Hernane (acontecerá apenas quando o titular se machucar e olhe lá).

Após a nova era e o surto colossal  do presidente, o clube contabiliza sete pontos após duas vitórias, um empate e três derrotas e continua perdendo para lanterna, como o Bragantino, sofrendo para vencer o Luverdense e sem sinalizar ou autorizar esperanças adicionais aos seus torcedores, que o milagre está por acontecer. Não oferece simples lampejos ou cria mínimas perspectivas de melhoras. Nos últimos 10 jogos, 30 pontos em disputa, ganhou apenas sete pontos. Duas vitórias, um empate e sete derrotas.

Para obter “apenas” uma breve possibilidade de acesso, o clube precisa agora somar próximo dos 40 pontos, ou seja, vencer 13 jogos em 20 restantes. Uma autêntica campanha de campeão. Seria isto mesmo possível, considerando o histórico fracassado do tricolor de aço neste ano e visto acima? Somado à falta de poder de resposta e à incompetência já conhecida?

Se você acredita, parabéns, aceite minha inveja, eu não, até porque acho razoável acreditar que somente retroescavadeira move montanha, isto se tratando de futebol, fora disso, ai sim, posso acreditar e colocar figa em tudo aquilo que fiz e possa merecer pela fé em Deus.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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