Se o Bahia está ganhando, não deve mudar

Apesar do importante triunfo sobre o Avaí e do convincente futebol apresentado, ainda tenho sérias dúvidas sobre o esquema tático adotado por Professor Guto, em especial com a escalação de dois atacantes abertos pelas pontas. Entenderia esta situação se os dois fossem capazes de fazer a diferença ou estivessem mostrando um futebol exuberante, mas quem acompanhou as últimas partidas do Bahia, sabe que nem uma coisa, nem a outra pode ser encarada como a verdade absoluta.

PG, desde que chegou, vem escalando o Bahia prioritariamente com esta formação tática, com 3 meias e 3 atacantes, mudando a característica dos jogadores de meio, o que influencia na disposição do time em campo, em especial na meia cancha. Também, já jogamos com 4 meias e 2 atacantes, no bom triunfo sobre o Luverdense. Se no jogo contra o Avaí deu tudo certo, podemos dizer que no jogo contra o Dragão o esquema não funcionou bem, pois apesar de sair na frente com menos de um minuto, depois dos 15, o Bahia passou a ser um time previsível, sendo facilmente anulado pelos defensores adversários, voltando a levar perigo apenas no final do jogo, mas já na base do bumba meu boi.

Abrindo um pouco os esquemas utilizados temos:

1) 4-3-3 com Feijão de primeiro volante: de cara vemos que este esquema utilizado contra o Atlético/GO demanda uma maior movimentação dos atletas, pois como se pode notar o time fica capenga pelo lado esquerdo, pelas próprias características de Feijão e Cajá de atuarem mais centralizados. No mais, Feijão tem raça e é o melhor marcador do nosso meio, contudo carece de melhor qualidade na saída de bola, com isto dependemos muito de Luis Antônio e dos laterais para sair da defesa para o ataque, quando o adversário fecha o caminho pelo lado, recorremos aos chutões dos goleiros ou aos improdutivos “lançamentos” dos zagueiros, neste ponto na minha estatística para cada 100 sai um gol.

Outra coisa que me incomoda neste esquema, e no seguinte, é Alano pela direita, como já disse quando se tem um Robben, um Douglas Costa que cortam para dentro e chutam quase sempre com perigo e com bom aproveitamento em estufar a rede, é legal jogar assim. Alano é esforçado e não tem comprometido, mas não tem esta característica, ele simplesmente domina a bola e toca para o lado ou tenta o drible mas sem profundidade. As melhores coisas que fez foi quando infiltrou na diagonal em velocidade, nas três vezes perdeu o gol, sendo salvo em uma por HB. Vejam que não estou criticando EJ jogar pela esquerda por ser destro, por possui características de atacante definidor, ele sempre corta o adversário ou fecha na diagonal já pensando na conclusão a gol, pena que não apresenta a eficiência dos atacantes citados.

Outro ponto negativo, com apenas Cajá na armação e precisando cair mais para esquerda, HB sai muito da área e, definitivamente, este não é o forte dele, apesar dos dois bons passes para Alano no jogo contra o Dragão, o que mais vemos é a jogada morrer quando chega nele. Ademais, Cajá ainda não apresenta a mobilidade e agilidade necessária para se livrar do marcador sempre na cola.

2) 4-3-3 com Juninho: já numa análise preliminar dá para ver que este é um time com uma distribuição mais equilibrada em campo, pode ter sido esta a razão para o esquema dá certo no jogo contra o Avaí. Pois com dois cabeças de área de maior qualidade técnica e jogando alinhados, um em cada lado do campo, ganhamos mais equilíbrio e mais possibilidades na saída de bola. Perdemos, na minha opinião, na marcação no meio, mas diminui a dependência de Cajá na armação, além de ganharmos um bom finalizador de fora da área, assim para jogos contra adversários mais fracos e em casa, quanto mais com a necessidade de ganhar que temos, prefiro este esquema ao anterior.

Contudo, permanece o problema com Alano, a dependência da chegada dos laterais constantemente, já que nossos avantes pelos lados não são de chegar na linha de fundo, e a zaga fica mais exposta sem um cão perdigueiro fixo à sua frente.

3) Uma alternativa no 4-4-2: este foi o esquema usado contra o Luverdense, com 4 meias e 2 atacantes, pode não ser o mais ofensivo, foi testado algumas vezes e não funcionou, mas reputo ser o melhor esquema para este momento, onde o time ainda carece de mais confiança coletiva e segurança defensiva. Entendo que deixando um volante mais fixo no meio, gostaria de ver o garoto Luiz Fernando tendo uma oportunidade, a defesa ficaria mais segura, nossos laterais e volantes pelos lados teriam mais liberdade para chegar na frente, e nossos atacantes poderiam se aproximar mais um do outro e chegar mais dentro da área.

Claro que estes esquemas 4-3-3 e 4-4-2 são mais pelas características dos jogadores, pois como PG já disse várias vezes, ele gosta de variar a armação entre o 4-1-4-1 (normalmente com Feijão sendo o primeiro 1) e 4-2-3-1. O problema é que não consigo ver em EJ e Alano a qualidade e a capacidade necessárias para fazer o papel esperado na primeira linha ofensiva, um em campo ainda vai, mas os dois é de lascar.

Porém, esquema tático é apenas uma parte da história, para ganhar jogo também é preciso qualidade técnica (temos mais do que os adversários), além de foco, motivação, raça, vontade de vencer e sangue nos olhos (estamos devendo e muito, ainda precisamos mostrar que voltou para ficar).

No mais, é confiar no PG na escolha do melhor esquema de acordo com o adversário, e no poder de reação e na vontade dos jogadores, pois os adversários estão doidos para nos entregar uma vaga no G4, só não pegamos se não quisermos.

Por fim, li recentemente muita crítica a Luisinho nos grupos da torcida 

Miguel Leite – Torcedor d Bahia e parceiro do BLOG 

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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