Contratações: Os acertos do presidente do Bahia

Depois da derrota para o Brasil de Pelotas, todas as metralhadoras da torcida tricolor foram direcionadas para a direção do clube, em especial, seu Presidente Marcelo Santana. Melhor assim, temos de atacar as causas e não as consequências, porém discordo do tom de vários destes protestos, alguns tratavam apenas de questões de cunho pessoal de MS, outros eram apenas xingamentos gratuitos, e outros pregavam a violência, típicos protestos que não levam a lugar nenhum, apenas tumultuam mais o já caótico ambiente tricolor. Por outro lado, a maioria dos protestos cobrava uma postura mais firme dos torcedores, em especial dos sócios e conselheiros, sobre a direção, estes sim têm todo meu apoio.

Concordo que no campo do futebol, nossa direção vem deixando a desejar desde o início da gestão. Como disse em post anterior, a sensação que me passa é de uma total falta de comando no departamento, com os jogadores sem uma cobrança efetiva correspondente aos bons salários que recebem, em dia, no clube. Não à toa, desde a chegada de MS, só ganhamos um baiano, sendo derrotado em duas Lampions, eliminado nas primeiras fases da Copa do Brasil, perdendo vários Bavices, e dando vexame na Série B 2015.

Entretanto, temos de reconhecer alguns acertos da direção. Alguns mais críticos podem alegar que pagar em dia é obrigação, não é mérito, só que não é algo comum no nosso futebol, no Bahia então nem se fala, quantas e quantas vezes lemos e ouvimos na imprensa de jogadores, treinadores e ex-funcionários protestando o clube na justiça. Pelo que sei, o passivo trabalhista do Bahia é imenso, fica complicado administrar um clube assim, imagine receber o salário no início do mês e já deixar boa parte no banco para quitar débitos anteriores, esta é a situação tricolor, por isto não é pouca coisa o que esta direção vem fazendo. Em conversa com duas pessoas que convivem no Fazendão, ouvi que os funcionários do clube apoiam a direção, pois estão com seus salários em dia, isto parece pouco, mas não é.

Outro acerto, o contrato com o Esporte Interativo, aqui podemos pagar o preço do pioneirismo, mas temos de reconhecer a atitude corajosa da direção ao romper com o monopólio e abrir novos caminhos para o futebol brasileiro.

Ou seja, não só de erros vive nossa Diretoria. A maior queixa que ouço diz respeito à montagem do elenco, porém, como sempre digo, é fácil ser engenheiro de obra pronta. Vou passar jogador por jogador que chegou no elenco e tentar relembrar a posição da imprensa e da nossa torcida:

1- Marcelo Lomba – pelo que me lembro, seu retorno foi saudado por torcida e imprensa, visto que a maioria viu em Douglas Pires, em sua primeira temporada como titular num time profissional, um goleiro incapaz de honrar o manto tricolor. Agora que Lomba vem numa péssima fase, a galera passa a culpar a presidência pela sua manutenção no elenco, já li e reli vários textos dizendo que deveria ter sido negociado com a Ponte, e que a diretoria errou ao não fazer isto. Por sinal, entendo que Lomba, por respeito aos colegas, deveria pedir ao treinador para sair do time para aprimorar a forma física e técnica, além da psicológica, hoje, claramente abalada após os seguidos erros.

2- Tinga – mero desconhecido da torcida e da imprensa, ônus e bônus devem ser debitados ou creditados na conta dos dirigentes. Tinga se mostra um jogador útil e forte na marcação, mas vem pecando muito no apoio ao ataque, cruzamento e passes não têm sido seu forte. Por enquanto, entendo que foi um erro sua contratação, precisamos urgente de um novo lateral direito, já que Heyner insiste em mostrar que Tinga deve ser o titular.

3- Lucas Fonseca – situação semelhante a de Lomba, teve seu retorno aprovado pela maioria. Em campo, continua mostrando os mesmos erros das outras passagens no Bahia, lentidão e precipitação. Aqui o erro tem de ser dividido entre todos.

4- Jackson – contratação aprovada pela maioria, vinha jogando bem e mostrando segurança, mas assim como o resto da equipe, caiu vertiginosamente de produção nas últimas partidas.

5- Moisés – situação similar a de Tinga, a diferença básica é que caiu nas graças da torcida, por ter um melhor aproveitamento no ataque. Por enquanto, acerto da diretoria.

6- João Paulo – o inverso de Tinga, jogador de Série A, disputou 28 partidas pelo Flamengo na A de 2014, assim já era conhecido quando veio para cá. Se não foi saudado na contratação, também não foi criticado. Teve um início bem irregular, mas vem melhorando nos últimos jogos, tem como ponto forte o apoio, mas é fraco na marcação. Foi aproveitado também como meia por Doriva. Ainda não consigo cravar se foi erro ou acerto.

7- Paulo Roberto – também era desconhecido da maioria, seu passado como titular do Figueirense dividia opiniões da torcida e imprensa. Até o momento, PR não mostrou futebol para justificar sua contratação. Erro da diretoria

8- Régis – contratação saudada e aprovada por todos. Caiu nas graças da torcida logo de cara, mas o rendimento foi ruim nos últimos jogos. Cedo ainda para dizer se foi um erro ou um acerto, mas não podemos creditar ou debitar o resultado somente para a diretoria.

9- Cajá – contratação saudada e aprovada por todos. Ainda não fez uma partida que justifique o alto investimento. Cedo ainda para dizer se foi um erro ou um acerto, mas não podemos creditar ou debitar o resultado somente para a diretoria.

10 – Juninho – era desconhecido da maioria, mas aqueles que assistiram mais atentamente a Série B 2015 aprovaram sua contratação. Na minha opinião, uma das melhores contratação do ano, jogador que vem mantendo a regularidade desde o início, só caiu o rendimento recentemente junto com o resto da equipe.

11 – Danilo Pires – melhor relação custo x benefício do elenco, jogador extremamente útil e participativo. Supera a limitação técnica com garra, empenho tático e bom preparo físico. Acerto da diretoria.

12- Hernane – jogador conhecido e com contratação aprovada por todos. Caiu de produção depois das seguidas contusões e da conversa mal terminada da sua ida para o Flamengo. Mas a diretoria está sendo omissa e lenta na contratação de uma sombra para o atacante, a comodidade de saber que não tem um reserva a altura pode também ser um dos motivos da queda de rendimento.

13- Luisinho – situação similar a de Juninho no momento da contratação. Mas, o inverso em campo, um dos jogadores mais irregulares do elenco, desde o início da temporada oscila bons e maus momentos. Ultimamente, ficou com os maus.

14- Edigar Junio – grata surpresa, vinha bem até começar a sequência de contusões. Rende melhor pela esquerda fechando em diagonal para dentro da área, mas Doriva por várias vezes o escalou na direita, onde o rendimento não foi o mesmo. Espero que a temporada de contusões tenha acabado, pois poderá ser bastante útil no ataque. Outro acerto.

15- Thiago Ribeiro – decepção total, relação custo x benefício altíssima, conta-se nos dedos os bons lances de ThR pelo Bahia, vem jogando um futebol burocrático e sem nenhuma vibração ou inspiração. Sem dúvida a pior contratação até o momento, mas cabe uma pergunta, quem não traria ThR? Por isto não posso debitar exclusivamente na conta da diretoria o erro desta contratação.

Ademais, este elenco foi mesclado com a garotada que já tinha subido da base há tempos e com alguns que subiram este ano. Na teoria, a diretoria acertou na montagem do elenco, mesclando jovens e desconhecidos com jogadores mais experientes e conhecidos; jogadores que tinham na Série B seu maior desafio com aqueles acostumados a disputar Série A; jogadores baratos com caros; ou seja, tudo que a teoria manda.

Por fim, até duas semanas atrás, o elenco do Bahia era o mais forte da Série B, hoje, para a maioria da torcida, é um bando de péssimos jogadores contratados pela inexperiente e incompetente diretoria. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, temos sim um bom elenco, mas que carece ainda de reforços pontuais, de qualquer forma, se tiver foco e entrega é capaz de conseguir o acesso no final do ano. A chegada de Guto Ferreira, já apelidado de Gordiola, trazola, traz bons alentos por ser um treinador mais experiente que Doriva e com capacidade para aparar as arestas no vestiário, cabendo à diretoria apoiá-lo na condução e controle dos atletas tricolores.

Mas, se está tudo certo, por que não engrenamos? Por que perdemos as 4 últimas? Acho que já respondi isto em post anterior, falta comando por parte da diretoria sobre os jogadores, se há motim, jogue ao mar os rebelados e toque o barco com quem quer remar na mesma direção, não podemos ficar à mercê de profissionais que não vestem a camisa, criam problema no dia-a-dia e não respeitam o amor do torcedor pelo Bahia.

Miguel Leite – Torcedor do Bahia e parceiro do BLOG 

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

Deixe seu comentário