Bahia troca de técnico ou de “Bode expiatório” ?

Quem nunca ouviu ou usou as expressões “testa de ferro”, “tirar o cavalinho da chuva”, “o pão que o diabo amassou”, “a cobra vai fumar”, “com a boca na botija”, ou “falar pelos cotovelos”? São expressões largamente usadas no dia-a-dia por toda a população mesmo sem saber seu verdadeiro significado ou origem, mas sempre estamos recorrendo às mesmas para definir situações corriqueiras. É justamente neste ponto que entra o Bahia, infelizmente, crise e resultados ruins passaram a ser situações corriqueiras para o tricolor. Por isto, para refletir sobre o atual cenário do Bahia recorrerei a duas expressões largamente usadas no nosso cotidiano, “bode expiatório” e “casa de mãe Joana”.

De acordo com o site significados.com.br:

A expressão “bode expiatório” teve sua origem no dia da expiação, como relata a Bíblia, no livro de Levítico. O dia da expiação, era um ritual para purificação de toda nação de Israel. Para a cerimônia, eram levados dois bodes, onde um deles era sacrificado e o outro, o bode expiatório, era tocado na cabeça, pelo sacerdote, que confessava todos os pecados dos israelitas e, os enviava para o deserto, onde todos os pecados eram aniquilados.

Resumidamente, o bode expiatório é aquele sobre o qual recai todas as culpas pelo fracasso e insucesso de uma coletividade.

Ano passado, nosso bode foi Sérgio Soares, a quem a torcida atribuía todas as culpas e mazelas pelo fraco desempenho do Bahia na Série B, com sua saída parecia que tudo ia mudar, aqui mesmo no blog por várias vezes pedi sua cabeça. Ele saiu, Charles assumiu, demos um suspiro, mas fracassamos como todos já sabem. No final da Série B, nosso Presida falou e disse que naquele momento, dia começava o trabalho visando o ano de 2016.

O tempo passou, saiu uma penca e chegou mais de uma duzia de atletas, entretanto as coisas no departamento de futebol mudaram pouco, diríamos que até pioraram, pois não ganhamos nada no primeiro semestre, e o que aconteceu? Arranjamos outro bode, desta vez Doriva, para muitos o técnico que não tinha alternativas de jogo, substituía errado, não dava padrão de jogo ao time e não conseguia extrair o melhor de cada atleta. Concordo com várias destas críticas, e acho que Doriva perdeu todo o apoio da Nação, por isto não achei errada sua saída.

Mas, bastou um jogo, um mísero jogo, para mostrar que o buraco era mais embaixo. Assim, como a história bíblica, não adianta jogar o bode no relento para que todos os pecados sumam, algo tem de ser feito por cada um para que as coisas mudem e aconteçam como planejado.

Basta ouvir o já famoso áudio do Brocador no vestiário após a derrota para o Tupi, ou a sincera frase de Feijão “Pensávamos que éramos o time ‘bambambam”‘ para ver que Doriva foi o “bode expiatório” da vez. Tem muita coisa de podre no reino tricolor, enquanto não as encararmos de vez e para valer, apenas trocaremos de “Bode expiatório”.

Aqui entra a segunda expressão “casa de mãe Joana”.

A expressão “casa da mãe Joana” teve origem no século XIV, segundo Câmara Cascudo, foi criada graças a Joana I , rainha de Nápolis e condessa de Provença, que viveu entre 1326 e 1382. Teve uma vida conturbada e em 1346 mudou de residência para Avignon, na França. Em 1347, quando tinha 21 anos, Joana normatizou os bordéis da cidade onde vivia refugiada, criou certas regras para impedir que alguns frequentadores agredissem as prostitutas e saíssem sem pagar. Para as meretrizes, Joana era como uma mãe e por isso os bordéis eram conhecidos como “casa da mãe Joana”.

Atualmente, a expressão casa da mãe Joana é usada para o local onde cada pessoa faz o que bem entende, sem respeitar nenhum tipo de normas.

Pois é assim que, de longe, vejo há muito tempo o departamento de futebol no Bahia. Quem não se lembra de Jobson e suas artes, Zé Boteco sempre fora de forma, as panelinhas que resultaram nas duas goleadas do Vice, os jogadores tomando remédio para dormir em 2010 e o vexame de 2015? Em todos estes casos, os jogadores se comportavam como se estivesse na casa da mãe Joana, cada um agia de acordo com suas vontades e necessidades, sem nenhuma visão coletiva ou de bem comum.

Como visto na definição, mãe Joana impunha regra e respeito nos seus ambientes. No Bahia, aparentemente, não temos esta figura, não consigo enxergar uma voz de comando, uma figura respeitada e ouvida pelos jogadores, ou um profissional com vivência e experiência no futebol que controle o cotidiano do elenco. Só esta total falta de autoridade explica o que aconteceu no final da B de 2015, as 3 derrotas seguidas, e os desabafos de HB e Feijão.

Enfim, se não botarmos ordem na nossa casa da mãe Joana, traremos não um treinador, mas sim um bode expiatório, por sinal, já foi contratado e atende pelo nome de Guto Ferreira que desembarca em Salvador na próxima segunda feira

Miguel Leite, tricolor e parceiro do BLOG

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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