Balanço do Bahia 2015: Nada para comemorar!

Depois do fracasso no Campeonato Brasileiro da Serie B, e também com o intuito de fazer o balanço do ano de 2015, que já acabou com o final da segunda divisão onde continuaremos, mais um grupo ligado ao Bahia divulga uma longa nota, onde pretendeu analisar a gestão do presidente Marcelo Sant’Ana, notadamente na área do futebol, onde foi ridícula, até quando saímos vencedores, como o Campeonato Baiano. 

Inúmeros os fracassos no decorrer do ano, os erros nas contratações e o hábito do presidente de sempre transferir culpa para terceiros, temas da área administrativa, o trato com o Vitória e diversos outros temas que já debatemos aqui, até com maior conteúdo e amplitude, alguns de certa relevância, outros nem tanto assim. A nota é de responsabilidade do grupo “Integridade tricolor”, que acredito que disputou as ultimas eleições, encabeçada pelo radialista e empresário Antônio Tillemont, penso!

Veja a nota:

Depois de seguidos insucessos em campo, que culminaram no desastre da permanência na série B, o torcedor do Bahia está se perguntando “de quem é a culpa?”. Os mais envolvidos com a política instalada pós-democracia foram além e questionaram “onde estava a oposição?”.

Pois bem, vamos aos fatos.


01) Dos erros de Marcelo Sant’Ana no trato com terceiros:

O Presidente Marcelo Sant’Ana demonstrou, ao longo deste primeiro ano de gestão, algumas virtudes, mas também muitos defeitos crônicos. Como já tem muita gente para enaltecer os méritos, vamos focar, neste texto, nos deméritos.

Antes de mais nada, o mandatário Tricolor sofre de um grave problema: ele nunca, jamais, em nenhuma hipótese, assume a culpa por algo errado que aconteça.

Lá atrás, em janeiro, o Bahia anunciou o retorno de Jael. Assim que o negócio “melou” prontamente apareceu um funcionário nas redes sociais para assumir a culpa.

Em junho, foi convocada a Assembleia Geral mais controversa da história democrática do clube. Os bastidores esquentaram e muita coisa foi dita e escrita sobre o assunto. O grande debate era o voto on-line.

A priori, esta Assembleia já seria virtual. Com pouca (ou nenhuma) participação ativa do Conselho Deliberativo, a empresa fora contratada para realizar todo o trâmite de votações por pouco mais de R$ 800,00 (oitocentos reais). Isso mesmo, oitocentos reais!

Inconformados, Conselheiros de grupos de oposição à gestão atual, em ato intransigente de defesa dos interesses do clube, diante da real ameaça de abertura de um precedente histórico perigoso (o uso do voto online, futuramente, sem qualquer tipo de fiscalização, por pessoa má intencionada), manifestaram-se conjuntamente.

Foi sugerido que a Assembleia fosse suspensa. Foi mencionado, inclusive, que, da forma como seria realizada, a Assembleia feriria o Estatuto do clube.

Porém, em mais uma atitude de atribuir a culpa a terceiros, o Presidente, em completo destempero, proferiu um pronunciamento Chegou, inacreditavelmente, a dizer:

“Existe, contudo, os que não pensam no que é o melhor para o Esporte Clube Bahia e para seu futuro; desconhecem a modernidade, ignoram a tecnologia como ferramenta de aproximar e conquistar sócios e tentam impedir a ampliação da democracia. Estão sentados à sombra das trevas. Falam, mas querem tomar de outros o direito à palavra e ao voto.”

Seus opositores, aqueles que não pensam como ele, estavam errados. Estavam “sentados à sombra das trevas”! Mas era ele quem feria o Estatuto e colocava a instituição diante de um risco futuro incerto sem precedentes.

Nas mãos de uma pessoa sem caráter, o voto on-line sem fiscalização pode caracterizar uma perpetuação do poder. Pode-se reformar o Estatuto (ou qualquer outro diploma), sem qualquer filtro, para permitir infinitas reeleições. Pode-se realizar Assembleias e eleger (indefinidas vezes!) qualquer candidato da vontade do “manipulador”. Tudo isso, sem controle, somente com “votos fantasmas”

Mas cogitar (e tentar prevenir) isso é “não pensar o que é o melhor para o Esporte Clube Bahia”, na sua visão. A culpa, novamente, não era dele!

Dito e feito: a Assembleia Geral foi realizada com pouco menos de 700 (setecentas) testemunhas. Apenas a título ilustrativo, o modesto XV de Piracicaba/SP possui 900 (novecentos) sócios.

Outro ponto a se lamentar é a inconsistência, especificamente, no trato com a Torcida Organizada Bamor. Durante a campanha, demonizou a TO. Após eleito, manteve o discurso. Chamou, inclusive, de modo genérico, as Organizadas de “facções criminosas”. Eis que, para espanto geral, em postura incompatível com a figura presidencial, posou para foto fazendo o gesto da Bamor, o ato de cruzar os braços no alto, com os dedos médios de ambas as mãos em riste. Lamentável…

Por fim, mais recentemente, como que num espetáculo circense, os jogadores foram a público assumir, exclusivamente, a culpa pelo insucesso dentro de campo. Por óbvio que os atletas tem sua parcela, mas atribuir o fracasso somente a eles chega a ser ingênuo (ou leviano).

O que podemos dizer sobre este tipo de conduta? No mínimo, lamentável! 02) Dos erros do incompetente Departamento de Futebol:

Adentrando a seara futebol, mais uma vez os equívocos foram cometidos por terceiros.

Jogo após jogo, toda a torcida via um time com diversas necessidades. Peças de reposição? Se muito, os egressos da Base. Nenhum goleiro convenceu e se firmou. Douglas Pires, o escolhido para defender a meta já há algum tempo, não transmite segurança alguma, especialmente nas saídas do gol.

Terminamos a temporada sem laterais titulares: um eterno rodízio que queimou, dentre outros, Carlos, Patric, Hayner e Railan.

Na zaga, deixaram Lucas Fonseca e Demerson irem embora e, não se dando por satisfeita, “vendeu” Titi, com todas as ressalvas que a natureza jurídica da compra e venda impõe.

No meio-campo, uma insistência com Souza no time titular e Pittoni no banco. Não foram raros os jogos que nosso meio se limitava a assistir às partidas, pois nossa tática parecia ser a do chutão. Para completar, desfez se de Bruno Paulista, um dos poucos que conseguia fazer a transição de bola da defesa ao ataque com alguma qualidade.

No ataque, Kieza se (e nos) salvou. Sem o K-9, certamente, estaríamos, a esta altura, angustiados com a próxima rodada. Fatalmente nossa disputa seria contra o Z-4, e isso quem aponta são os números do centroavante. Seus companheiros de setor? Todos foram uma lástima. Léo Gamalho, Alexandro, Roger e Maxi (que até teve alguns bons momentos) não justificaram suas contratações.

O (agora ex) Diretor de Futebol, que já havíamos alertado para sua falta de capacidade técnica para o exercício de sua função à frente do clube em meados de maio teve um índice de aproveitamento baixíssimo. Beirando o ridículo.

A propósito, no dia 25 de setembro, Conselheiros do grupo Integridade Tricolor estiveram no Fazendão para tentar ouvir o citado Diretor de Futebol. Com manifesto interesse em “blindar” Alexandre Faria, o Vice-Presidente, Pedro Henriques, atendeu os membros Hélio Miranda, Lucas Dórea, Rebeca Bandeira, Félix Barreto e Zildiney Campello.

Temas como a irregularidade do time (sua fraca defesa e a necessidade de maior consistência no meio campo, por exemplo), a permanência (ou não) de Sérgio Soares, o pífio desempenho do Diretor de Futebol, o famigerado “caso Pittoni”, dentre outros, foram abordados. Porém, uma vez mais, não fomos escutados…

Por falar em treinador, a demora em demitir Sérgio Soares foi outro ponto negativo. Enquanto a torcida clamava sua saída, ele foi mantido (indevidamente). O jogo contra o Sport pela Copa Sul-Americana, uma vergonha que demorará a ser esquecida, deveria ter sido o estopim para sua saída. A postura dos atletas naquela partida foi emblemática. Mas não, Sérgio foi mantido!

Outro erro crasso foi não “bancar” Charles. Se o intuito era efetivar o Anjo 45, deveriam ter dado condições de trabalho a ele. Se já era de conhecimento público que ele não se relacionava bem com determinados atletas, por que não afastá-los do grupo imediatamente?

Esta atitude faria com que o grupo percebesse que o treinador estava prestigiado junto à Direção. Mas não, permitiram que as especulações crescessem e chegassem ao (ridículo) ponto de inventarem (?) uma suposta briga nos vestiários. Como que um elenco, com este tipo de ambiente, poderia ter sucesso?

Por falar em Fazendão, a política de exigir agendamento de horário para entrada de Conselheiros é inconcebível. Quem tem o DEVER de fiscalizar não pode ser barrado na porta da instituição. Seria perfeitamente aceitável na hipótese de o Conselheiro, em uma visita anterior, ter cometido excessos (o que não foi o caso!). Mas, de imediato, vedar acesso ao poder fiscalizatório do clube é lamentável.

O resultado deste “caldeirão”? Desempenho pífio nos confrontos diretos. O único destes duelos que obteve êxito foi contra o Paysandu (graças a Jacó, quase um trocadilho bíblico).

03) Dos fracassos em campo em 2015:

Não podemos esquecer que, mesmo tendo conquistado o título baiano, o Bahia penou ao longo da campanha. Basta dizer que, na última rodada da Primeira Fase, poderia ter sido eliminado e ter de disputar o mata-mata do rebaixamento. Para sua sorte, enfrentou o sofrível time do Feirense e conseguiu aplicar uma goleada, livrando-se deste fardo terrível.

Não muito depois, chegou a estar sendo eliminado pela Juazeirense, no intervalo do jogo de volta, na Arena Fonte Nova, com o placar adverso da primeira etapa (0x2). A entrada de Zé Roberto, porém, mudou o rumo do campeonato e o time buscou a virada.

Na final, conseguiu uma recuperação épica, é verdade, mas não sem antes ser humilhado pelo modesto time do Vitória da Conquista por 3×0 (após tomar 2×0, na Primeira Fase) fora de casa.

Pelo Nordestão, as limitações fora de seu domínio foram evidentes. Uma virada no final do jogo contra o desconhecido Globo/RN, mais uma vez graças à entrada de Zé Roberto (e aos gols de Biancucchi), foi o único triunfo longe de Salvador.

Empates contra CRB, Campinense (duas vezes) e Sport, todas sem convencer, e uma derrota contra o Ceará. E nada foi feito! O time se acovardava fora de casa e os responsáveis se omitiam…

Quando ganhou do Bragantino na Fonte Nova, o time paulista já se aproximava, mas ainda era um “time de meio de tabela”, não sendo computado este triunfo no rol de êxito (no singular mesmo!) nos confrontos diretos.

Na Copa do Brasil, ressalte-se, passamos da 1ª Fase graças a um erro do bandeira, que não marcou impedimento de Tiago Real. Qual Barcelona enfrentávamos? O Nacional do Amazonas.

Por falar em Barcelona, como a bola não entra por acaso, uma surra monumental para o Paysandu ceifou nossas chances na competição.

Pela Sul-Americana, outra sapatada longe de seus domínios e nova eliminação… Esta, melhor nem comentar!

Na Série B, por sua vez, ganhamos apenas 3 partidas sem ser o mandante: os superpoderosos ABC/RN, CRB/AL e Oeste de Itápolis. Nem dos piores times da competição, como Mogi-Mirim e Boa Esporte obtivemos êxito… Triste!

Os resultados se sucederam ao longo da temporada; vergonha após vergonha distante de seu mando de campo… E o que os envolvidos fizeram? Absolutamente NADA!


Do trato com o rival:

Agindo como verdadeiro torcedor (e dos mais irracionais), o Presidente não cansou de provocar o rival. Este tipo de atitude, que o torcedor adota perante seus amigos e vizinhos, jamais pode ser tomada por membro institucional. E vários são os motivos…

Primeiro, porque, em que pese serem adversários em campo e rivais históricos, por vezes Bahia e Vitória possuem interesses comuns. Só para dar um exemplo, a diminuição da disparidade das cotas televisivas perante clubes do Sul e Sudeste é bom para ambos os times baianos. E estas atitudes infantis do Presidente apenas dificultam ainda mais essa união pela busca do bem comum!

Segundo, porque, aos menos racionais, este tipo de comportamento pode estimular a violência. E todos sofrem com ela, racionais e emotivos.

Terceiro, porque, desportivamente falando, oferece bastante munição” aos jogadores rivais nos confrontos diretos. Tanto é verdade, que no profissional, após três duelos, Marcelo Sant’Ana ainda não sabe o que é ganhar um BAVI.

Mesmo na Base, o Bahia perdeu muito mais do que ganhou de seu principal rival, algo inadmissível para uma instituição do porte do primeiro campeão brasileiro.

Apenas como reflexão, apesar de alardear que o Bahia era o único time grande do Estado para as mídias locais, em rede nacional o Presidente alegou que o Tricolor era um clube “médio” (ou algo do tipo). Meio contraditório, não?

Resultado da brincadeira (literalmente): o rival subiu e TODOS NÓS, torcedores, fomos alvos de piadas e gozações. Mas ficou feio mesmo para o Presidente, que teve de ler nas redes sociais do Vitória que “time grande cai e sobe no ano seguinte”. Ridículo!


05) Das perspectivas para 2016:

Com a gestão da Diretoria Executiva fracassando na atividade-fim da instituição, com o Conselho Deliberativo sendo rotineiramente obstado por sua base aliada (propositadamente ou não) e com o Conselho Fiscal que não se manifesta em momento algum, os sócios sofrem com uma grave insegurança.

Os membros do Conselho Deliberativo tiveram acesso negado a documentos do clube, como contrato com jogadores, por exemplo, algo inadmissível para um órgão cuja função precípua é fiscalizatória.

Não se sabe se os membros do Conselho Fiscal tem acesso a tais documentos, já que não se tem notícias deles. Porém, das duas, uma: ou eles tem acesso, e a negativa da DE é exclusiva ao CD; ou não tem acesso,

o que é ainda mais grave, pois como podem emitir o devido Parecer sem ter acesso a TODOS os documentos institucionais?

É preciso que o diálogo volte a ocorrer. Primeiramente, dentre os próprios membros do Deliberativo. As reuniões mais se assemelham a gincanas colegiais, que ganha aquele que gritar primeiro – e mais alto! Deve-se desobstruir a pauta, dar andamento às demandas e passar, na temporada seguinte, a ouvir os membros da DE nas reuniões, como era feito na gestão passada.

Quanto à DE, além de melhorar substancialmente no quesito futebol, deve voltar a dialogar com TODOS os membros dos Conselhos, indistintamente, sem procurar saber de qual grupo o indivíduo faz parte.

Todos foram eleitos pelos sócios e merecem respeito. Devem ser ouvidos e respeitados. Tratados, no mínimo, com dignidade, sem serem colocados contra a torcida e o sócio. Nem serem barrados na porta do Fazendão, como se mendigos fossem…

Oposição (responsável) faz bem, evita ditaduras, fortalece a democracia e, portanto, é preciso saber conviver com quem pensa diferente.

Quanto ao CF, sinceramente, devem, primeiro, “dar sinal de vida”. Precisam vir a público dizer se tem acesso a todos os documentos (diferentemente dos membros do CD), e, caso tenham, atestar ou refutar muito do que se tem dito quanto a “melhorias substanciais” na atual gestão.

Por fim, apenas como uma orientação, que os membros da DE parem de usar a desculpa de que as gestões anteriores foram sofríveis. Todos já sabem disto, não é novidade a ninguém, nem mesmo àqueles que se candidataram à DE em 2014. E, por conseguinte, não podem servir como desculpas para todo e qualquer fracasso, especialmente dentro de campo.

Que em 2016 tenhamos um ano melhor que o de 2015, com menos turbulências institucionais, com mais êxitos dentro de campo. O tricampeonato baiano tem de virar realidade, bem como o retorno à Série A.

P.S.: Não se deve falar em renúncia do Presidente. Primeiro porque esta é uma decisão pessoal, de foro íntimo, e não cabe a ninguém além dele mesmo. Pressionar alguém a renunciar é uma forma velada de impeachment e deve ser rechaçado num regime democrático.

P.P.S.: Também não se deve falar em impeachment. Esta forma de substituição de Presidente é excepcional e só é justificada em casos de fraudes ao patrimônio institucional, o que, até onde se sabe (e acreditamos, destaque-se!), não é o caso!

P.P.P.S.: Insucesso dentro de campo não é motivo para troca de comando. Até porque, se assim fosse, viveríamos sempre com um risco real de impeachment, o que, fatalmente, afastaria alguns candidatos ou, na pior das hipóteses, faria com que o Presidente onerasse excessivamente os cofres da instituição para salvar o seu mandato.

P.P.P.P.S.: Em suma, Marcelo segue. Se você está insatisfeito, associe-se. O sócio escolherá o novo mandatário do clube em 2017.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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