Bahia é o maior clube da Série B, admite diretor do tricolor

O Esporte Clube Bahia vive neste instante uma das melhores fases dos tempos recentes. Campeão Baiano, vice-campeão do Nordeste e vice-líder do Campeonato Brasileiro da Série B e pela primeira vez, começa a competição abrindo perspectiva bastante positiva para ao acesso, a despeito da realização de apenas três rodadas. Hoje a divisão de base é valorizada e utilizada, até exageradamente, não se encontra com a frequência de antes, as tais ações trabalhistas desse ou aquele. Trata-se de um recomeço promissor, sem dúvida

Para falar deste novo Bahia, o diretor de futebol Alexandre Faria concedeu entrevista a Daniela Leone do Jornal Correio da Bahia, onde aborta entre outros temas, a renovação de empréstimos do atacante Kieza. A possibilidade de novas contratações, a indefinição de quem é o goleiro titular, a situação de ataque Chicão ( que parece que foi contratado para jogar fora de campo) e admite que o Bahia precisará vender algum jogador no mês de junho, além de confirmar que o zagueiro Adriano Alves não irá continuar no clube com a chegada do zagueiro Jaiton
Veja a entrevista


O Bahia vai contratar mais algum reforço para a Série B?
Nós contratamos quatro jogadores para o início da Série B: Jailton, Marlon, Eduardo e Adriano. Não estamos atrás de nenhuma outra posição. Estamos monitorando o mercado. Se vier um jogador que a gente ache que vai ajudar muito no elenco, que seja uma peça interessante dentro das condições financeiras do Bahia, nós vamos trazer, mas não estamos procurando de forma emergencial nenhuma posição. Elenco fechado nunca está, nem para entrar e nem para sair, mas a gente não está desesperado atrás de nenhuma posição.

Kieza vai renovar?
Kieza tem contrato até 17 de julho e as coisas estão dentro do prazo normal. Existe a vontade do Bahia de ficar com ele, a vontade do jogador de ficar no Bahia e a vontade do clube chinês de ganhar dinheiro. Nós estamos tentando equilibrar isso. O grande trunfo que a gente tem é que ele quer ficar no Bahia e nós vamos usar isso até o último momento. O clube chinês investiu uma quantia milionária nele e quer reaver essa quantia, que é totalmente fora dos padrões brasileiros. O que estamos tentando fazer é chegar a um valor possível do Bahia pagar.

Eu tenho expectativa que os atletas da base que ainda não tiveram uma performance desejada ou esperada pelo grande público possam ter a partir do momento que tiverem mais condição de jogar sem a responsabilidade de ser protagonista. O Bahia é um clube de 84 anos e a gente não pode chegar aqui e colocar nos atletas da base toda a responsabilidade de resolver os problemas adquiridos nesses 84 anos. Os atletas têm que ter o tempo deles. Se Kieza não ficar, tem plano B, C, e na minha cabeça esse plano está na base.

Então não há intenção de contratar caso Kieza não renove?
Kieza tem contrato até 17 de julho e até lá muita coisa pode acontecer. Estamos monitorando o mercado.

Chicão não foi usado nos momentos mais cruciais do time. Ele permanece para a sequência da Série B ou será negociado?
Ele tem sido bastante útil, principalmente nos momentos em que não jogou. Nas finais do Baiano e Copa do Nordeste, ele estava com lesão na panturrilha, mas foi fundamental. Quem ganha campeonato é o elenco. Mesmo não jogando as finais, Chicão foi fundamental estando no vestiário, na concentração, falando com os atletas, especialmente no último jogo contra o Vitória da Conquista, ele teve uma participação muito importante, passou o dia na concentração conversando individualmente com os atletas.


Mas ele foi contratado para atuar dentro de campo… Está nos planos do Bahia manter Chicão até o fim da Série B?
Ele foi contratado para jogar, claro. Chicão é um atleta que está nos planos pela qualidade técnica que tem. Agora, é um atleta também que se tiver uma proposta que seja boa pra ele e que o Bahia entenda que abre uma lacuna financeira no elenco, a gente vai avaliar. Até agora não houve essa proposta. Houve sondagem, mas eu também tenho interesse no Messi e não tenho condição de trazer o Messi, então nosso interesse é permanecer com o atleta.

E Adriano Alves? Continua?
Adriano Alves, por opção do treinador, teve poucas oportunidades. A gente lamenta, mas tem uma confiança total na comissão técnica e ela entendeu que não era o momento dele. Por ter tido poucas oportunidades, pela chegada do Jailton e pelas possibilidades que a gente tem na base, a tendência é pela não permanência do Adriano, até porque a gente já foi procurado por alguns clubes que têm interesse em levá-lo.

O Bahia ainda não definiu seu goleiro titular. Por quê?
Os nossos quatro goleiros, Omar, Douglas, Jean e Guido, são jovens que, especialmente Omar e Douglas, vinham com poucos jogos pelo fato do Lomba ter sido o titular indiscutível do Bahia nas últimas quatro temporadas e goleiro precisa de sequência de jogos. Do ponto de vista técnico, os quatro têm um nível altíssimo e são quatro goleiros jovens. O que se busca é entender qual deles está no melhor momento para assumir, definitivamente, a posição e essas chances vêm sendo dadas, como foram dadas pra várias outras posições como são os casos da lateral esquerda e da zaga. Acho questão de tempo pra definir quem será o dono da camisa 1.

Vai ser necessário vender algum atleta para fechar as contas no final do ano?
Nesse momento, eu te diria que sim. Em julho, possivelmente, a gente precise fazer alguma negociação, mas sabendo disso, nós estamos buscando alternativas para que não seja necessário vender. Quais são essas alternativas? Aí parte pra uma série de estratégias, que vão desde o marketing até questões estruturais do clube, planejamento financeiro.

Maxi, Pittoni e Titi estavam em baixa no início do ano. O que foi feito para recuperá-los?
Aí é um trabalho em conjunto da diretoria, gerência de futebol e comissão técnica. Eu e o Éder (Ferrari, gerente de futebol) atuamos bastante na questão do ambiente de trabalho, mas o Sérgio (Soares, técnico) foi fundamental nisso. Sérgio, ao passar para Titi toda a confiança que tinha nele como capitão e, principalmente, ao identificar a posição dentro da equipe do Pittoni e do Maxi, conseguiu fazer esses atletas atuarem em alto rendimento. Tem a questão da credibilidade. Os atletas não enxergavam no Bahia um clube como eles gostariam de trabalhar. Eu ouvi isso claramente deles e não foi só deles, foi de outros que estavam aqui no passado, que chegaram pra mim e pediram pra ir embora, pois não acreditavam no clube. Eu pedi um voto de confiança na parte extracampo e dentro de campo o Sérgio foi fantástico. Principalmente no caso do Pittoni, que está jogando aqui em uma função que eu nunca vi ele jogar. Nosso primeiro volante, hoje, é Pittoni e as pessoas não acreditam nisso. Na minha avaliação como amante do futebol, o Pittoni é a grande referência técnica do nosso time. O craque do time pra mim é Pittoni.

Qual foi a maior dificuldade que você encontrou no Bahia?
A falta de credibilidade que o clube tinha no mercado. A imagem do clube era de mau pagador, de desorganizado, de clube desestruturado. Essa imagem era do mercado e infelizmente estava muito na cultura também dos profissionais do Bahia. Uma frase que eu odeio no futebol é “aqui sempre foi assim”. Isso me irrita profundamente e, quando cheguei, graças à autonomia que foi dada pelo presidente e subpresidente, a gente conseguiu quebrar um pouco isso. Sempre foi assim? Então vamos mudar, porque assim o clube caiu pra segunda divisão, perdeu credibilidade, está com dívidas, então temos que mudar. Graças a Deus a gente vem conseguindo fazer isso. Ao mesmo tempo que essa foi a maior dificuldade, foi a grande conquista. O resgate da credibilidade do clube.


Qual dificuldade persiste, além da financeira?
Existe ainda uma indefinição do futuro do clube com relação à Cidade Tricolor, então a gente tem algumas dificuldades estruturais no Fazendão, que a gente vem conseguindo resolver a contento. Que vai pra lá é uma tendência pouco provável de não acontecer. Tem algumas coisas como reforma da sala de imprensa, vestiário, mais um campo (no Fazendão), até que ponto a gente vai investir nisso?
Há um prazo para definir sobre a mudança pra Cidade Tricolor?

Passa por alguns detalhes alheios a nossa vontade, que dependem de questões patrimoniais do clube. Mas é uma coisa que no decorrer de 2015 precisa definir.

Você recebeu proposta do Cruzeiro. Por que ficou no Bahia?
Decidi ficar primeiro porque eu tenho a característica de cumprir meus contratos. Tenho contrato com o Bahia até o final deste ano e pretendo cumprir o contrato, pelo menos até o final do ano, se não me mandarem embora. Tudo aquilo que o presidente Marcelo Sant’Ana e o sub, Pedro Henriques, falaram pra mim no momento da contratação vem sendo cumprido. Estabilidade emocional, blindagem do trabalho, compromisso financeiro. Então acho que não seria correto da minha parte sair agora para outro projeto, sendo que as pessoas têm sido extremamente honestas e corretas comigo. Mais do que isso, porque estou muito feliz no Bahia, a verdade é essa. Acho que o projeto do Bahia é muito sério. Não vejo um clube maior que o Bahia hoje. Corinthians, Flamengo… Podem estar em centros economicamente mais fortes, mas eu não vejo um clube que justifique a saída do Bahia. Acho que o Bahia tem tudo pra ser campeão brasileiro, pra disputar uma Libertadores.

Com o que é preciso se preocupar na Série B?
É preciso ter uma estrutura de grupo equilibrada e isso passa, obrigatoriamente, pela manutenção de salário em dia. Vários clubes arrancam bem, mas na fase intermediária da tabela não conseguem chegar por dificuldades lá pelo mês de agosto e setembro. Isso é uma coisa que a gente precisa se preocupar muito. O maior reforço que a gente vai ter para a Série B é a manutenção dos compromissos em dia. Além disso, ter um elenco equilibrado do ponto de vista de peça de reposição. As viagens são muito desgastantes.

Quem são os favoritos para conseguir o acesso à Série A?
O Bahia e mais três. Não sou de fazer média e, pelo tamanho do Bahia, não posso ser incoerente. O Bahia pra mim é o maior clube da Série B hoje. Com todo respeito ao Botafogo, ao rival, a todos os outros 19, mas o Bahia tem obrigação de perseguir o acesso e, mais do que perseguir o acesso, perseguir o título. Se vai colocar ou não a estrela no escudo se conseguir o título, aí é um problema do conselho, não é problema meu, mas eu quero terminar o ano com o título da Série B. Pelo que eu vi nas primeiras rodadas, pela preparação dos clubes, acho que ainda está muito indefinido. Se eu for falar de tradição, tenho que falar de Botafogo, Vitória, Criciúma e Ceará. Acho que fica por aí.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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