“Povão” afasta as famílias do estádio nos jogos do Bahia?

Ontem o diretor do Esporte Clube Bahia, Jorge Avancini concedeu uma longa entrevista ao Jornal A Tarde, é verdade que não disse muito, no entanto o suficiente para criar polemica, quando colocou uma questão que de certo modo pode ser questionada, ao afirmar que o Bahia não pode praticar preços menores tipo, R$ 5 e R$ 10 em um equipamento que foi eleito um dos melhores da Copa do Mundo. Segundo o diretor, se assim for feito, irá afugentar as famílias dos estádios por conta da violência, em uma associação discutíveis, entre o sujeito de pouco recurso com a vagabundagem e o uso do expediente da seleção de público via o preço, aliás atitude comum em diversos segmentos. Claro teve torcedor que não gostou, outro prefere ver a questão por uma visão técnica e econômica, é o caso do tricolor ferro que você pode ler logo abaixo

Pessoal, antes de tudo, sobre essa polemica de ingressos mais baratos ou não, esqueçam essa idéia de lutar por uma massificação de ingressos a R$ 10,00 ou R$ 15,00. É fora da realidade do mercado. Mesmo para um estádio como Pituaçu é difícil cobrar pouco e manter a qualidade do equipamento. Se forem mantidos os preços que aí estão, e o consorcio FNP não engrossar os olhos e querer cobrar mais caro mais pra frente, já é uma grande conquista.

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O preço do ingresso para qualquer tipo de espetáculo (esportivo ou cultural) é pensado como preço médio. Mas para chegar até aí tem seu valor distribuído na tabela. O preço médio do ingresso aqui na Fonte Nova está em torno de R$ 26,00. Atualmente em São Paulo, com um cagado Paulistão, o preço médio do ingresso na capital está em R$ 60,00. Já são duas realidades completamente diferentes.

Eu penso que o preço do ingresso tem que acompanhar o nível da competição (seja de dificuldade, peso do títulos, momento da competição, enfim). Nessa ótica poderia-se trabalhar um preço mais em conta para o Campeonato Baiano, outro para a Copa do Nordeste e outro para Série B.

A possibilidade dessa variação tem duas consequências. A primeira é o efeito sanfona em que o torcedor se acomoda pagando mais barato (abaixo da realidade) e quando o ingresso retorna ao seu patamar, volta a achar isso um ultraje e não assimila o preço maior (sem levar em conta o desconto antes obtido).

O outro problema é o aumento abusivo para certos eventos. Vimos um Cruzeiro cobrar R$ 250,00 numa final de Campeonato Brasileiro e o Atlético Mineiro chegar a cobrar R$ 500,00 para uma final de Libertadores. É um absurdo de caro, mas eles comprovaram que o preço foi possível, pois havia uma demanda. O torcedor deles naquela situação estava disposto a pagar o que fosse necessário para ver o time Campeão. Será que aqui teria condições para esse extrapolamento?

Outra questão que vejo discutida é a necessidade de estádio cheio, voltando a beirar 100 mil. Outra besteira. Hoje não há possibilidade de “aconchegar” mais tanta gente, com segurança e qualidade nos estádios.
Antigamente também não se tinha, mas vivemos em outro tempo, onde são presadas outro nível de responsabilidades.

As Arenas são palcos projetados pare receber entre 40 e 70 mil. Raras exceções passam disso, como vemos gigantes da Europa jogando em estádios de até 50 mil.

De outro lado, a situação de um maior esvaziamento dos estádios também tem a parcela de responsabilidade da TV. Que atualmente são quem dominam os horários em que são disputados os jogos, e por dar ao torcedor a possibilidade dele acompanhar o evento direto de casa. O que de certa forma não é ruim, pois no estádio hoje também não há lugar para todo mundo, por motivos que falei antes de limitação de capacidade/espaço.

Além de ser a forma economicamente mais atrativa (considerando gastos com transporte, alimentação e ingresso). Logo, assistir pela TV também é contribuir com o clube que recebe a sua parte devido aos premios ganhos devido a arrecadação com assinatura e os ganhos de imagem (publicidade).

Sobre a “exclusão” do Povão, a massa tem que parar para pensar e entender que se atualmente ele não tem condições de estar lá em todo jogo pela situação financeira, tem que antes de tudo brigar e correr atrás para melhores condições de vida. Lazer é importante, mas a visão das as empresas é que não estão lá para prestar serviço filantrópico.

Se o Cidadão ganha o suficiente que lhe permita ir a um ou no máximo dois jogos por mês, o porque então ele tem que pensar que o certo é ter que ir a três, quatro ou mais jogos? Ou então o porque seria o correto ele ter que brigar para reclamar que o ingresso caia para R$ 10,00 reais para aí ele satisfazer esse “desejo” de estar lá em qualquer jogo?

Novamente friso, os estádios hoje não são mais projetados para receber todo mundo. Se o torcedor conseguir ir a um ou dois jogos por mês, isso para o clube já está de grande tamanho. Pois o que a instituição tem que conquistar é que mais torcedores pensem em um dia ao menos estarem lá, sempre que possível. Se 1,5% da população da cidade resolver ir a um jogo do Bahia, o que é um percentual irrisório diante ao evento, já é mais do que suficiente para encher o estádio, pois já são 50 mil pessoas. O restante, que representa a grande maioria da torcida e da população, estará em casa assistindo pela TV, Internet ou pelo seu radinho. Mas se o clube conseguir sempre motivar um total de pessoas que equivale a esses 1,5%, o sucesso de público no estádio está garantido.

O Torcedor tem que entender que existem diversas formas de colaborar com o clube ao qual ele torce. Seja se associando, indo ao estádio, assistindo pela TV, comprando exclusivamente produtos originais, participando do dia-a-dia acompanhando e se envolvendo com as campanhas e o que mais institucional for publicado em redes sociais. Enfim, esporte hoje não se reduz a bilheteria para o clube.

Principalmente se quem administra o estádio for um terceiro. No dia que o torcedor for mais consciente e entender isso, e não fechar os olhos para os benefícios e descontos que são garantidos para compra programada e antecipada, estará colaborando de fato com dias melhores para o clube que torce.

Ferro – Torcedor do Bahia e amigo do BLOG

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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