O presidente da FBF, Ednaldo Rodrigues Gomes, vai ser hoje reeleito, pela terceira vez, para continuar à frente da entidade. Só há uma chapa inscrita, a sua e, neste caso, ao invés de votação secreta, é permitida a “aclamação”, conforme o Art. 57 no Parágrafo 3º do estatuto.
No cargo desde 15 de janeiro de 2001, o cartola, teoricamente, ficará até janeiro de 2019, quando completará 18 anos no poder. Na FBF, é “permitida a reeleição, indefinidamente”, segundo disposto no Art. 24 parágrafo único do estatuto, reformado no dia 10 de agosto de 2004, durante o primeiro mandato do atual, futuro e único presidente eleito da FBF no século XXI.
O Art. 29º, no Parágrafo 2º, diz que “os Diretores, Coordenadores e Assessores serão nomeados pelo Presidente da entidade”. Entre os nomeados por Ednaldo Rodrigues Gomes está a diretora técnica Taíse Silva Galvão, sua cunhada, irmã da esposa, Rita Galvão. Taíse é mulher de Ricardo Nonato, diretor de registros e candidato a vice-presidente, substituindo Manfredo Lessa. Outra cunhada, Patrícia Galvão, é secretária da presidência.
Nos 13 anos da atual administração, a CBF criou a Série C, em 2001; e a Série D, em 2009. Bahia e Vitória pela primeira vez jogaram a Série C – o tricolor por duas temporadas – e, exceto a dupla Ba- Vi, nunca um clube do estado conseguiu um único acesso no Brasileiro. No período, a FBF foi ultrapassada no ranking da CBF pelas federações de Goiás e Santa Catarina e caiu para 9º lugar no Brasil.
Ednaldo Rodrigues Gomes tinha ótimo trânsito com Ricardo Teixeira e continua com José Maria Marin e Del Nero. Foi o chefe da delegação da CBF nos EUA, durante o início da nova era Dunga.
O estadual deste ano teve média de 2.674 pagantes e a renda líquida média de cada partida ficou em R$ 14.059,22. As transmissões da TV mostram estádios em péssimas condições, os atletas reclamam e o torcedor também, embora, tecnicamente, os laudos satisfaçam ao padrão FBF.
O Art. 17º diz que “quando se trata de Assembleia Geral para eleições dos Poderes Internos da FBF, a forma de convocação obedecerá o disposto no Artigo 22 (vinte e dois), Inciso III, da Lei nº 9.615/98 (Lei Pelé)”. O trecho da citada lei federal cobra “eleição convocada mediante edital publicado em órgão da imprensa de grande circulação, por três vezes”.
As convocações foram publicadas por edital em jornal dias 19, 20 e 21 de setembro. Medem 9,5cm x 5cm. No site da FBF, não achei uma linha. De qualquer maneira, na última eleição, realizada dia 23 de abril de 2009, a ata da Assembleia Geral, registrada sete dias depois no 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas de Salvador, indica que só existiu um edital publicado “nos dia 13 de abril” – o erro de concordância está na ata.
As chapas para a eleição, às 9h, no Othon, tinham que ter sido “inscritas até 72 (setenta e duas) horas… antes da instalação da Assembleia”, diz o Art. 56. “Somente poderão ser inscritas e sufragadas as chapas que estiverem na forma disposta no caput deste artigo e que tenham sido subscritas pelo menos por 20% (vinte por cento) das entidades de prática desportiva (clubes) e entidades de administração de desportos (Ligas Municipais) filiadas à FBF, com direito a voto”, indica o Art. 56, Parágrafo 1º.
Documento do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas de Salvador indica que o futebol baiano tinha 57 clubes e 185 ligas municipais na eleição de 2009. A FBF não informa quantas estão em situação regular e, assim, teriam direito a voto. Caso todas estivessem 100%, alguém interessado em inscrever chapa precisaria da assinatura de pelo menos 12 clubes e 37 ligas.
Lembrei-me de uma frase das aulas de história sobre a Roma Antiga: “Ave, Imperator (Caezar), morituri te salutant”, diziam os gladiadores. Hoje, alguém no futebol baiano poderia dizer: “Ave, Imperador (César), aqueles que estão prestes a morrer o saúdam”. Domingo, as eleições vão celebrar a nossa democracia. Imperadores não são eleitos. São aclamados.
Marcelo Sant’Ana/Correio