O caso Daniel Alves e o racismo

Militantes e acadêmicos da causa negra estão enciumados com a campanha deflagrada contra o racismo a partir do gesto do jogador Daniel Alves quando transformou um insulto em uma cena inusitada ao comer uma banana num campo de futebol. Claro, isso não está escrito em nenhuma academia do saber, nem Daniel pediu autorização a alguma autoridade para deflagrar seu gesto espontâneo. 

Na maioria das vezes quando surgem movimentos espontâneos na nossa sociedade somos tentados a desqualificá-los. Colocamos nossos medos à frente e o recepcionamos em um rótulo que faça sentido entre tantos tubos feitos para armazenar objetos. Nada mais anti-científico, mas somos tentados a catalogar esses fenômenos espontâneos em razão de compromissos assumidos anteriormente com alguma autoridade para que sejam legitimados. 

O conterrâneo Daniel Alves agiu como costumamos fazer na Bahia: “tiramos onda com a cara do agressor”. Essa é uma defesa muito natural também em torcidas de futebol, para malandros velhos que sabem que a irritação com a ofensa é que origina a força do ofensor. A intenção do jogador foi sábia, partiu de uma força ancestral do nosso povo de nos elevarmos acima das ofensas gargalhando às suas custas. 

Não precisamos lembrar que a Bahia, estado de Daniel Alves, extravasa uma singularidade especial quando tratamos do Brasil. É o povo da malemolência, do dendê e da sensualidade que se contrapõe as fantasias de uma nação aos modos europeus com base no centro-sul que rejeita uma parte da nossa identidade mais genuína e expansiva de reagir aos agressores na swingueira.

Autor(a)

Redação Futebol Bahiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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