Mais Baêa e menos retórica fácil e populista

Escrevi num comentário, poucos
dias atrás, que a melhor saída para o Esporte Clube Bahia seria a negociação
entre o que tem a responsabilidade pelo Clube – o presidente – e os que têm
algumas propostas para resolver os problemas mais diretos e imediatos dele,
sobretudo o da formação de um time que possa se garantir na série A em 2014. Eu
acho que esta teria sido uma razoável solução, entretanto acredito que ela se
tornou mais difícil do que já era quando eu, um mero torcedor alienado de
arquibancada e que se recusa a sair daí, “inocentemente” a pensei, por causa do
recrudescimento das vaidades, prepotências e ambições de todos os lados. O caso
do senhor Ismerin provoca-me asco. 

Neste mesmo comentário, eu disse
que a CPI não passava de demagogia de parlamentares oportunistas. Cadê a CPI? O
gato comeu. Os espertos – os que sabiam que em nada daria, mas fizeram jogo de
cena – e os ingênuos apontam os culpados por isso e, como sempre, a resposta é
a velha e conhecida “teoria da conspiração”. 

Escrevi também que as oposições
“oficiais” têm seus próprios objetivos e interesses e que os objetivos e os
interesses do Bahia não estão entre os primeiros da lista. Recorrer a fins
abstratos e grandiloquentes, que apelam mais para a emoção do que para a razão
do público, sempre foi característico das oposições que não têm soluções
concretas e operacionais para resolver os problemas mais imediatos e urgentes.
O que os grupos organizados fizeram com as legítimas manifestações dos torcedores?
Transformaram-nas em palanques para os partidos e os políticos que esses grupos
sabidamente apóiam. Basta darmos uma circulada pela internet e encontraremos
opositores profissionais lembrando que o torcedor aplaudiu entusiasticamente
tal autoridade/personalidade; ovacionou aqueloutra, e outra foi ainda mais
aplaudida… Sem nenhum pudor, o torcedor foi reduzido à platéia, fizeram dele
“macaco” de auditório. 

Eu escrevi ainda que as legítimas
manifestações dos torcedores de nada adiantariam, se o presidente do Clube não
admitir que ele não esteja mais a altura de resolver os problemas aí postos – e
ele não está à altura, pelo menos ele sozinho com sua equipe – e se ele se
apegasse ao cargo assentado na legalidade de seu mandato, porque, entre outras
coisas, as principais receitas do Clube não são dependentes da presença do
torcedor nos jogos. 

Os valores já acordados com a
Arena, com a TV e com os patrocinadores não são dependentes de uma taxa de
presença de torcedores nos jogos – no caso da Arena, o Clube pode ganhar mais,
mas não menos. Ainda que se sugira ou se suponha que haja interesses escusos da
parte de Marcelo Filho, a receita já assegurada seria suficiente para mantê-lo
no Bahia. Portanto, o “público zero” tem efeito moral e não material, ele seria
eficiente se o presidente estivesse preocupado com sua imagem pública, o que
não parece ser o caso.  Logo, as
manifestações dos torcedores, embora fossem e sejam necessárias, estão fadadas
ao fracasso se os grupos organizados e o presidente adotarem a estratégia do
confronto pelo confronto, e é o que exatamente acontece. 

Ah, a intervenção… A pergunta
relevante não é se ocorrerá ou não, as questões relevantes são: caso ela ocorra
e seja mantida, quem estará em condições de assumir com eficiência e eficácia a
gestão do Clube e, caso não ocorra ou não se mantenha, se Marcelo Filho – mais
uma vez vitorioso e fortalecido – continuará com sua política de indiferença em
relação ao destino do Clube. Os lideres e os aspirantes a líderes do Bahia, ou seja,
aqueles que de fato podem iniciar as modificações imediatas necessárias devem
se lembrar de que, aos torcedores da e na rua são permitidos os excessos
retóricos, mas a eles não. 

Dinensen

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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