Bahia: Entre a fantasia e os delitos

Muito a propósito do carnaval, ilusão e delito, pelo menos penso assim sobre essa gostosa brincadeira e também permissão para pequenos delitos, o Bahia realizará uma assembleia para colocar para seus sócios e conselho o contrato com a Arena Fonte Nova. E já que a diretoria do Bahia gera uma fantasia similar para a nossa torcida e tem essa permissividade com seus sócios ao não os atender em pleitos legítimos quanto a lista de sócios adimplentes previamente, cujo tema de mudança de Estatuto exigiria tal procedimento, associei logo tais assembleias com dois filmes recentes que assisti. Não é o filme arretado sobre a torcida tricolor, mas dois filmes hollywodianos: “Águas para Elefantes” e ‘Cavalos de Guerra”. Eles traduzem para mim algumas reflexões que passo a expor sobre a próxima assembleia.

“Água para elefantes” e “Cavalos de Guerra” são dois filmes que vi recentemente e me levaram a fazer reflexões muito profundas. Em “Água para Elefantes” e “Cavalo de Guerra” temos a luta pela sobrevivência como marca dos dois filmes. Sempre poderemos observar nos dois filmes situações em que ao lado dos milagres estavam a natureza e sensibilidade humana, ao contrário da natureza arredia e invisível que combatia a ganância humana trazendo um quadro de muita tristeza e opressão contra os seres mais sensíveis que possuíam o dom de não se deixarem levar somente pelo realismo seco do interesse que envolve as relações humanas. Percebemos que a ilusão, o sonho e a fantasia enfim são toda a diferença que traduz a necessidade de mais amor no mundo.

No futebol, como na vida, os interesses se mostram claramente como manutenção de poder e democratização desse poder, guerras sobre as quais muitos torcedores sentem ojeriza de participar. Mas, na verdade, de uma maneira ou outra a ilusão do futebol com o sucesso traz para o jogo uma asfixia moral do homem em super-dimensionar o sucesso e não se preparar adequadamente para os períodos de “vacas magras”. A imperiosa democratização dos clubes é justamente a preocupação da torcida com períodos de crise a tornar a instituição forte o bastante para superar os obstáculos naturais de uma disputa interminável numa competição de futebol, motivo maior de sua existência como sublimação de instintos violentos e nada padrão “Fifia”.

O animal homem assim que esquece que o clube não é dele consegue no alto de seu orgulho e garbo gestos de faz de contas, uma espécie de despotismo esclarecido em que os rituais entre o poder e seus súditos devem parecer para uma maioria, acostumada com a ilusão, aceite esses mecanismos de controle como normais. Falo, minha gente, da assembleia tricolor que foi marcada e publicada no jornal Correio para consultar o conselho do clube sobre a negociação envolvendo o Bahia e a Arena Fonte Nova. Muitos perceberam que se o contrato já foi assinado conforme divulgado não terá a assembleia esse poder de dar a reviravolta no encaminhamento do contrato. Assembleia que segue o rito do Estatuto, mas que é controlada pela diretoria a ferro e fogo através de conselheiros apadrinhados e parentes.

Essa forma de fazer prevalecer a forma em detrimento do conteúdo é velha quando estamos a ver com o poder político brasileiro e sua base puramente formal sem combinar com o povo de que todos os direitos são de verdade, não apenas para aparência para legitimar o que já foi imposto. Se as soluções desejadas pela diretoria do clube são as melhores, seria questionar então para quê convocação de assembleia. As discussões sobre esses assuntos não serão questionadas por ninguém, isto porque não tem o tricolor quem seja voz de oposição institucionalizada. Então, onde estará o sentido de uma assembleia em que irão meia-dúzia de gatos-pingados? Essas coisas da Bahia, do Brasil e da política me causam muita repulsa.

Autor(a)

Redação Futebol Bahiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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