O calvário do E.C Vitória

por João Paulo Oliveira.
( Leão da Barra)

Depois do vexame contra o Coritiba, o Vitória volta as suas atenções para o Campeonato Brasileiro da Segunda Divisão. Foi o que sobrou para o torcedor rubronegro comemorar este ano. E nem precisa ser campeão. Basta chegar em 4º na classificação e estará tudo certo. Mas como confiar num time tão instável e desarrumado por obra e graça dos seus dirigentes?

O Vitória que jogou e foi bem enquanto o time de Ricardo Silva estava em campo. Quando Carpegiani entrou em ação, a casa caiu. Uma goleada que não precisaria ser tomada. Mais um episódio triste e uma eliminação sofrida para a torcida rubronegra.

A impressão é que a atuação do time em campo é reflexo da bagunça administrativa no Vitória. O clube sobrevive dia após dia. Os problemas financeiros se acumulam e o hiato de títulos também. Já são dois anos sem ganhar nada.

O programa de sócios empacou. Criado em 1997, nem sequer foi reformulado pela atual diretoria. Não existe um só benefício decente. Os sócios apenas pagam antecipadamente o ingresso para os jogos do clube no Barradão e mais nada de relevante.

Esses dirigentes parecem não estar comprometidos com o clube. Não existe, que eu saiba, vínculo profissional em suas funções. Não são remunerados e, portanto, não podem ser cobrados. É o que muitos dizem para justificar a incompetência.

Crises fora de campo envergonham o torcedor. Não há comando. Jogadores perderam o respeito pela instituição. Vão a público e dizem o que querem, alimentando especulações e diminuindo ainda mais a autoridade de quem os deveria comandar.

O episódio Carpegiani é esclarecedor. O treinador deixou claro na sua chegada que tem um projeto em paralelo até a Copa do Mundo. Deixou nas entrelinhas, mesmo sem querer, que o Vitória não será a sua prioridade. Mas aceitou o convite, depois de ter recusado um mês antes.

Como um clube com 2,3 milhões de torcedores se sujeita a isso?

Além da crise administrativa, o Vitória está afundado em dívidas. Os dirigentes negam, mas vamos aos números para ver quem mente: em 2010, a consultoria Futebol Finance divulgou o a lista dos clubes mais endividados do futebol brasileiro. O Vitória apareceu em 14º, com R$ 86 milhões de déficit (vejam o destaque 1) referente ao exercício de 2009. Já em 2011, através da consultoria BDO, saiu outro relatório no Futebol Finance. Desta vez, o Vitória aparece em 22º no ranking, com impressionantes R$ 4,049 milhões em dívidas referente ao ano de 2010 (vejam o destaque 2)

É isso, meus amigos! Segundo os balanços apresentados, o Vitória abateu R$ 82,5 milhões da sua dívida em apenas um ano. Mas como explicar este resultado se as receitas são bem inferiores a este mesmo montante (na casa dos R$ 40 milhões)? O dinheiro caiu do céu? Os credores não quiseram mais ser pagos? Vejam os números do exercício 2008, 2009 e 2010Segundo fontes ligadas ao clube, a maior parte da dívida é de origem trabalhista e foi transferida para o Vitória S/A, que continua em operação e instalado estrategicamente numa sala de um edifício empresarial no município de Lauro de Freitas. Portanto, os dirigentes precisam apresentar os balanços do Vitória S/A para a torcida, ou ao menos explicar como essa dívida monstruosa foi quase zerada. Enquanto isso, o clube continuará no seu calvário para tentar escapar do pior. Se não subir em 2012, o futuro da instituição estará gravemente comprometido.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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