Bahia x Remo: Que Pituaçu não se torne Sarrià

Hoje, a Tribuna da Bahia resolveu convocar o chefe para assinar a matéria relativa ao Esporte Clube Bahia, e Paulo Roberto Sampaio, Diretor de Redação, tricolor assumido e da melhor qualidade, foi buscar na Espanha e no Estádio Sarrià, com a inesquecível e inesperada derrota do Brasil para a Itália em 1982, para lançar um alerta dos riscos que pode correr o Bahia, no jogo de quinta-feira, contra o Remo.

Humilde, não vou tão longe em local ou data, prefiro recuperar um passado ainda presente, com a derrota humilhante e eliminação precoce do Sport de Recife, na última quarta-feira, ao ser goleado pelo Paysandu, também de Belém, por 4 x 1 em Recife. E que Pituaçu não vire um novo Sarrià. Vale conferir.

Junte uma roda de amigos, desses que gostam de futebol, e lance a pergunta: qual foi a melhor seleção brasileira de todos os tempos? As opiniões podem até se dividir, mas uma é certa de ser citada e se não ganhar o título, chegará perto: a de 82, que encantou o mundo na Espanha. E foi mesmo.

Tinha talento, toque de bola e um mago no banco, o mestre Telê Santana. Jogava como se por música e botava os adversários para dançar. Se tomava um gol, fazia dois, e assim parecia imbatível a caminho do título.

Bateu a então União Soviética, meteu 4 na Escócia, 4 também na Nova Zelândia, 3 na Argentina e por aí foi. Ou ia, em direção ao título. Mas numa fatídica tarde no estádio Sarriá, em Barcelona, o destino cruzou nosso caminho.

Um endiabrado italiano chamado Paolo Rossi resolveu acabar com nossa festa e nós terminamos batidos e eliminados. Eu estava lá cobrindo minha terceira Copa pelo Globo e Falcão embalando em campo aquele time, que, além dele, que até fez um gol, tinha Cerezo, o saudoso doutor Sócrates e muita gente boa mais. Era o mais genial de todos.

Não vamos ousar comparar as duas equipes. Nem de longe, hein! Mas o Bahia de hoje e, particularmente, do primeiro tempo de quarta-feira contra o Remo parecia reeditar um pouco do que foi aquele time de 82. O toque de bola rápido e envolvente, preciso e elegante botava o Remo na roda. Remo que, é bom que se frise, luta para chegar à Série D – já que no momento não está em série nenhuma -, contra um Bahia da Série A, elite do futebol brasileiro.

O time paraense fez um gol, mas o Bahia foi buscar rapidinho o empate. Vinha sendo assim no Campeonato Baiano e não seria diferente no Pará. Mas bastou o time paraense mexer algumas peças no intervalo e, diferente da seleção de 82, o velho e bom (ou seria mau?) Bahia estava de volta. Senão a pior defesa, mas uma das piores defesas do futebol baiano estava em campo, para, contrastando com o resto do time, entregar o jogo.

O Bahia perdeu para um time da Série F (ou seria G?) e acendeu de vez uma luz avermelhada nos corações tricolores.

Serão duas decisões agora pela frente e, mesmo tendo o time a vantagem de jogar por 4 empates para chegar ao título baiano, que não conquista há uma década, a situação é preocupante. Para chegar a ele, o Bahia vai ter de fazer pelo menos um gol e meio por jogo, ou 3 nos jogos de ida e vinda, tanto nas semifinais, quanto nas finais. Não entenderam?

É porque o gol e meio por jogo, bola no fundo das redes do bom goleiro Marcelo Lomba, já está garantido. Faz parte da média do Bahia nos últimos 20 jogos, mesmo diante do rebaixado lanterna Itabuna, quando a média, aliás, foi de dois. Uma marca inédita na historia do clube.

E como em 82 a história foi implacável com a melhor seleção que o Brasil já formou ao menos nos últimos 40 anos, e voltaram para casa, eliminados, Cerezo, Falcão, Sócrates, Telê e companhia, e não apenas a zaga que sucumbiu diante do maldito Paolo Rossi, é bom o hoje técnico Falcão e a diretoria tricolor tratarem de arrumar essa defesa rapidinho, posicionando melhor também os cabeças de área, sob pena de o Bahia repetir, 30 anos depois, a mesma história de 82.

Ter o melhor ataque do Brasil, um time que abre 9 pontos sobre o segundo colocado no Campeonato Baiano, mas que já entra em campo perdendo de um e meio a zero. Quando a bola cisma de não entrar lá na frente, o desastre acontece, como foi nesta quarta contra o Remo, lá em Belém.

Eu vi e chorei à beira do campo o desastre no estádio Sarriá. Não gostaria de vê-lo reeditado em Pituaçu. E imagino que Falcão também não. Até porque, graças a Deus, do velho Sarriá não resta nem pó como lembrança. Foi demolido e virou um shopping. Já Pituaçu..

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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