Copa do Brasil vive supremacia da elite

Na teoria, a Copa do Brasil é a competição mais democrática do país, com representantes de todos os Estados e a possibilidade de clubes pequenos pularem vários degraus na hierarquia do futebol nacional e se classificarem para a Libertadores.

Mas tudo isso é só teoria.

O torneio disputado desde 1989 e cuja 24ª edição começa amanhã tem se tornado a cada temporada mais elitista e exposto o abismo que separa grandes e pequenos.

Desde 2005, ano do último título conquistado por um time fora da Série A do Brasileiro, os resultados das equipes que transitam pelas divisões inferiores só pioram. Naquela ocasião, o Paulista, então na Série B, derrotou sete adversários da elite para ser campeão. Dos 15 clubes da primeira divisão daquela edição, 13 caíram ante rivais inferiores na escala nacional.

Esse número tem despencado progressivamente. Na última edição, o Atlético-MG foi o único time da elite desbancado por um rival de divisão inferior. E o Grêmio Prudente, seu algoz, havia acabado de deixar a Série A.

Os últimos representantes dos escalões menores deram adeus à Copa do Brasil de 2011 nas oitavas de final. E, nas quartas, a competição já era exclusividade da elite. “Os clubes de menor expressão estão se enfraquecendo aos poucos. Com a inversão nas fontes de receitas dos times, os fatores mais importantes passaram a ser patrocínio e direitos de TV. E as equipes menores têm pouca demanda para isso”, disse o vice de futebol do São Paulo, João Paulo de Jesus Lopes.

O clube do Morumbi arrecadou no ano passado R$ 227 milhões. Dinheiro que o adversário de estreia, o Independente-PA, que disputou a Série D em 2011, não consegue nem imaginar –seu total de receitas no último exercício foi de R$ 1,2 milhão.
A diferença de renda é um fosso gigante, que tem sua queda mais elevada justamente na passagem da primeira para a segunda divisão.

Rebaixado para a Série B deste ano, o América-MG estima orçamento 60% menor que na última temporada. “A disparidade financeira é muito grande. A tendência, continuando deste jeito, é os times pequenos acabarem. Não tem como competir”, afirmou o presidente do ABC, Rubens Guilherme Dantas.

O clube potiguar, estabelecido na segunda divisão, levantou R$ 9 milhões em 2011. A venda de direitos de transmissão dos seus jogos em todas as competições respondeu por R$ 1,8 milhão.

A menor cota paga pela TV apenas pela Série A no último ano foi de R$ 13 milhões. Em 2012, subirá para cerca de R$ 34 milhões. Indício claro que o abismo entre a elite e o resto só tende a crescer. E que a Copa do Brasil deve continuar deixando a democracia só na teoria.

“O que temos não é suficiente para fazer frente aos grandes”, falou o presidente do Paulista, em busca de vaga na Série D, Djair Bocanella. Com informações da Folha

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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