A Pamonha, o Miojo e o Msmv

Quem é do interior conhece a cena: a família acorda às 5 da manhã pra preparar a refeição do dia. Juntos, caminham 1 quilômetro até a plantação, colhem o milho, carregam o milho, retiram a palha do milho, retiram o cabelo do milho, debulham o milho, ralam o milho, peneiram o milho, coam o milho, preparam a massa do milho, limpam a palha do milho, costuram a palha do milho em saquinhos, botam a massa do milho na palha, cozinham a massa do milho e…às 4 da tarde, sentam-se todos juntos para, finalmente, apreciar o rico alimento.


Noutro local, outra família. Cada membro, na hora em que melhor lhes convém, prepara o conhecido Miojo, que será cozido em 3 minutos e ingerido por todos, no conforto individual dos cômodos da casa.

Não dá pra negar que comer pamonha é muito mais do que apenas comer pamonha. Comer pamonha é compartilhar, socializar, colaborar, co-laborar, e também celebrar. É fazer parte de um PROCESSO. É entender a própria função dentro dele, compreender todas as suas etapas, aceitar o tempo de execução que cada uma delas requer; é refrear a ansiedade, educar a paciência, para que, ao final, o objetivo seja alcançado e o bem produzido seja desfrutado por todos, conjuntamente.

O MSMV, que veio ao mundo sob os auspício de uma nova era, repleta de (falsas) premissas de modernidade, tem procurado resistir, não sem muito esforço, à pressão dos imediatismos que a vida contemporânea impõe. Quantas vezes, por conta de uma notícia publicada há 1 minuto, somos brindados aqui com a célebre frase: “…e o MSMV, não vai fazer nada?…”. Te vira MSMV, pois, hoje em dia, ninguém tem tempo a perder. Além de eficazes, as soluções têm que ser imediatas, instantâneas, como macarrão em água fervente. Continua aqui

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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