Eleições no Bahia, oposição e etc

Tenho acompanhado de longe (geograficamente) os recentes acontecimentos políticos relacionados ao Bahia. Vejo com muita preocupação a radicalização das posições, sobretudo de alguns membros da oposição. Diante disso, gostaria de humildemente apresentar alguns pontos que me parecem importante sobre as eleições, relacionamento com a imprensa e o processo de democratização do clube. De maneira especial, gostaria de fazer algumas sugestões aos amigos da RT, grupo que conheço e creio que pode contribuir muito para o desenvolvimento institucional do clube.

Sobre as eleições, tentar impedir o pleito através de medidas judiciais, independente dos motivos serem ou não legítimos, não parece ser o melhor caminho. Não precisa muita reflexão para perceber que isso só vai colocar sobre a oposição o ônus de uma eventual má temporada em 2012. Gostaria de ressaltar que se o objetivo da oposição é uma reforma institucional as eleições para presidente não deveria ser o foco das ações. Para o “eleitor médio” fica a impressão de que a oposição se preocupa menos com o clube e mais com quem está no comando do mesmo. Em suma creio que tais ações passam uma imagem de que está se “jogando fora o bebê, junto com a água da bacia”.

Outro ponto importante é tentar reconstruir a imagem dos grupos de oposição. Creio que com a luta pela reforma do estatuto estes grupos vinham ganhando legitimidade, mesmo junto aos setores mais hostis da imprensa. No entanto, como se esperava, a tentativa de partidarização do movimento que se deu em um dado momento, além de não gerar os resultados esperados, comprometeu seriamente a credibilidade das ações oposicionistas. Nesse contexto, é fundamental que se defina como prioridade a luta por uma reforma institucional e não pela escolha, pelas regras atuais, de um ou outro presidente. Ou seja, creio que neste cenário a reeleição de MGF é algo menor e que não deveria ser objeto de ações agudas por parte da oposição. Digo isso por duas razões: a) a mudança das regras, ao alterar os incentivos, provocam mudanças de comportamento; b) isso sinaliza para a opinião pública que a luta da oposição não é pelo cargo de presidente e sim por uma estrutura institucional compatível com um Bahia grande e vencedor.

Um ponto que também merece destaque em relação à imagem da oposição é o hábito de se atribuir a pouca adesão à sua pauta aos problemas cognitivos ou de informação do “eleitor médio”. Ora, mesmo que seja verdade, não se pode fazer nada a respeito, logo tal constatação é na prática inútil. A questão é que se o torcedor típico não “comprou” as ideias não se pode rejeitar a hipótese de que o problema esteja no conteúdo das proposições (e não na capacidade de compreensão do publico). Assim, os grupos que defendem a melhoria da qualidade institucional do Bahia devem aperfeiçoar a capacidade de dialogo com a massa de torcedores do clube. Isso vai desde a criação de programas como a “Tribuna do Bahia” (ótima iniciativa) até uma possível reformulação no discurso.

Para finalizar, o que para mim é mais importante: a reforma do estatuto. Na minha modesta opinião, pelo que conheço da correlação de forças no Bahia, a reforma institucional do Bahia será um processo lento e fruto de uma luta perene. Será um jogo repetido e, nesse sentido, a cooperação pode nos levar a equilíbrios menos desastrosos do que o atual. A diretoria do Bahia mostra pouco interesse sobre o assunto, todavia não consegue construir um discurso contrário a reforma do estatuto. A retórica é que uma ação na justiça está impedindo o processo. O fato é que, de certa fora, tal ação está legitimando a inercia da diretoria. Não seria o momento de reavaliar a estratégia? A aprovação da proposta da diretoria de reforma do estatuto traria prejuízos adicionais ao clube? É importante lembrar que muitos que criticavam a constituição de 1988, hoje reconhecem os avanços que ela representou.

Vinícius dos Santos Cerqueira

Autor(a)

Redação Futebol Bahiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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