O futebol do nordeste independente

Eu preciso explicar o meu desânimo com o futebol, com o futebol baiano, com a seleção, porque não tenho qualquer novidade para contar aos torcedores do meu querido estado. Um marasmo que nem o reinado de Joel Santana no Bahia me faz olhar com bons olhos para o que se desdenha ao nosso redor. Vem aí mais um campeonato baiano, depois a Copa do Brasil e o campeonato brasileiro em que os clubes nordestinos irão lutar como nunca e sofrer como sempre.

Salvação do nordeste? Não há nenhuma garantia para um campeonato inter-regional, como nos moldes do Nordestão 2001, nada aponta como mudança para um cenário de descaso com o futebol nordestino. As televisões continuam passando jogos dos clubes sudestinos, as estimativas de receitas estão cada vez mais desafiando a lógica do mercado, uma vez que os ingressos tendem a aumentar de preço. Ao falar de televisão, houve no nordeste até uma perda de mercado com a vitória da tese de que televisão não tira público, não me esqueço que era proibido um jogo da televisão quando tinha jogo local.

Por outro lado, parece que neste momento de crise surgem vozes lá do fundo do nosso peito que mostram o quanto é importante respeitarmos nosso futebol e não nos deixarmos ser manipulados pelo quadrado mágico que exibe pseudo-felicidade. Gritos pela riqueza da nossa região com um povo altivo que adora futebol, legatário das melhores tradições em presença de público em estádio e participação popular, o futebol nordestino só precisaria da mais independência para voltar as suas origens; ao lebrar que essa submissão começou na rádio nacional de Getúlio Vargas ao enviar suas ondas de rádio que foram esvaziando os nossos corações de amor pelas nossas coisas, como o futebol.

Porém, num resistência heróica, tenho visto em todas as torcidas organizadas, na internet, nas ruas de Recife, Salvador, uma indignação crescente pelas nossas “instâncias decisórias” do nosso futebol que não se erguem para barrar esse colonialismo cultural exercido pelo sudeste do país ao povo nordestino. Ontem, vi numa livraria vários artigos, inclusive cadernos, com os signos do times do sudeste, nenhum sinal de times locais na prateleira da livraria. Achei isso um absurdo, uma falta de respeito, logo em Recife que tem três grandes e tradicionais clubes no cenário esportivo nacional.

Por essas e outras, e cada vez mais vejo com orgulho meus filhos crescerem e valorizarem o que é local, nordestino e depois, muito depois, o Brasil. Brasil que exclui os nordestinos, Brasil que não tem um nordestino na seleção, acho tudo isso muito estranho, até quando nossos terão que migrar para serem convocados para uma seleção brasileira? A última vez que vi algo assim foi quando o Bahia foi Campeão brasileiro, ainda na década de 90 Luís Henrique também fora convocado. Não podemos mais dizer que temos condições de sermos campeões brasileiros enquanto viverem nos nossos clubes coronéis familiares, donos da malsinada sorte dos nordestinados.

Autor(a)

Redação Futebol Bahiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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