E.C Bahia: Que tragam logo o goleiro Bruno

O artigo reproduzido abaixo, veiculado na Tribuna da Bahia desta quinta-feira, dispensa comentários. Ele retrata com moldura de contornos perfeitos a pura verdade e a real situação do Esporte Clube Bahia. Agregar, peruar, ou tecer comentários para justificar a sua publicação, é correr o sério risco de manchar o que por si só já nasceu perfeito. Acrescento apenas, que Paulo Roberto Sampaio, autor do texto, é um autêntico torcedor tricolor da era da liga de aço! Foi correspondente do jornal “O Globo” por 20 anos, secretário de Estado, comandou a TV Aratu, hoje é assessor de imprensa da cantora Claudia Leitte e há 25 anos comanda a redação da Tribuna da Bahia. Confira.

Estou estarrecido. Pensei que a perda do décimo Campeonato Baiano consecutivo servisse de lição para os pseudos donos do Bahia, mas vejo que eles não vão descansar enquanto não enterrarem de vez o time e a paixão que essa nação tem pelo outrora tricolor de aço.

Devolvê-lo à segunda divisão, com passaporte para a terceira parece ser o plano. Impor à torcida mais dez anos vendo o Vitória reinar absoluto nessa terra, enquanto a incompetência de sua diretoria prevalece, envolvida por espertos empresários a explorar a paixão de um povo, entregando o manto sagrado tricolor a um perna de pau ou um ferro velho qualquer, para uma temporada na nem sempre ensolarada, mas deliciosa Salvador.

Sei que o presidente do clube, Marcelo Guimarães Filho, é um jovem idealista, mas que não precisou enfrentar as agruras da vida. Conquistou graças ao prestígio político do pai um mandato parlamentar, que não conseguiu agora renovar e um mandato de presidente de um clube que representa uma Nação. Mandato que, lamentavelmente, não consegue honrar.

Poderia ter transformado o Bahia num clube empresa, seguir os passos do Coritiba, mirar-se ainda que a distância no Grêmio, no Internacional, afinal, torcida não falta ao Bahia para apoiar o clube em qualquer investida séria. Mas ele parece entender pouco de gestão e menos ainda de futebol. Prefere singrar nas águas mansas da Baía de Todos os Santos a encarar a responsabilidade de dirigir o clube.

E entrega a gestão de futebol a um Paulo Angioni, que por capricho, mandou embora o melhor goleiro que o Bahia já teve nos últimos anos, Fernando e um zagueiro da qualidade de Alison, que acabou indo reforçar o adversário Vitória, para dar abrigo a umas contratações que se não posso classificar de suspeitas, são, no mínimo, absurdas.

Ao jovem presidente do Bahia devem ter dito que o time precisava de craques. Ele entendeu mal e resolveu ir buscar o atacante Jobson, na iminência de ser julgado e afastado do futebol pela Justiça Desportiva pelo uso de crack ou outra droga ainda pior. Presidente, o craque que o Bahia precisa é outro.

Mas as desventuras da dupla não param aí. Outro reforço pretendido é o atacante Carlos Alberto, um jogador tão problemático que nem o habilidoso Renato Gaúcho, acostumado com esse tipo de boleiro, até porque enquanto jogador nunca foi um santo, não aguentou e o mandou embora do Grêmio. E é esse jogador problema que o clube quer. Ramon, que aqui estava e saiu anteontem por não aguentar a pressão da torcida, chegou dominado pelo vício segundo o site Bocão News. Não resistia ficar longe de uma cerveja.

Mas para que não se diga que a casa de tolerância em que se transformou o Bahia tolera tudo, o único caso que se salva é o do goleiro Renê, que teria sido suspenso injustamente por doping, mas sempre se portou como líder entre os jogadores do Bahia quando da gloriosa subida para a Série A e agora, vendo que o entra e sai na casa continua, quer garantir logo seu lugar.

Sim, mas e a torcida, presidente! Até quando vai aguentar as trapalhadas dessa atabalhoada direção a trabalhar para afundar de vez o Bahia? Jovens talentos revelados no próprio clube, nos demais no Campeonato Baiano e nos campeonatos regionais de norte a sul não são lembrados. Talvez por não pertencerem a um empresário amigo e influente na casa.

Pobre Bahia. Ultrajado, humilhado e tratado como um bem pessoal, já que os que o dirigem resistem em passar o bastão para outros, tão ou mais tricolores que eles, mas comprometidos com uma gestão séria, que venha expurgar do recinto a leva de empresários que gravita em torno do clube.

Basta! Basta, senhor presidente.

Basta desse acinte com as tradições do Bahia e com sua história. A torcida quer Fernando, quer Moraes, quer Fábio Bahia, quer Adriano. Quer a base que levou o time à elite do futebol brasileiro e reforços desse nível.

Quer craques de verdade e não craks, senhor presidente. Até porque, se é esse o time que o senhor quer armar, que traga logo o goleiro Bruno, concentrado na penitenciária de Belo Horizonte há um ano. Currículo ele tem de sobra e ainda viria com aquela bela camisa listrada, não presidente?

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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