E.C Vitória e o sonho da Copa do Brasil

No ano passado o Vitória surpreendeu na Copa do Brasil. Começou levando um ferro de 3 x 1 para o Corinthians (Medley), em Alagoas e, quando o torneio parecia se tornar um novo pesadelo, o time reagiu no jogo de volta ao Barradão; aplicou uma goleada de 4 x 0 no mesmo adversário. Depois, acenou sem muita certeza e embarcou no bonde que, por pouco, não o conduziu para o centro da história do futebol brasileiro.

Na segunda fase do torneio, enfrentou o Náutico, em Recife, com a curiosidade do técnico Ricardo Silva estar “oficiosamente” demitido e Paulo César Carpeggiani acertado com passagem e hora marcada para o desembarque em Salvador. Bida, ao final, logo marca, o Leão vence por 1 x 0 e o Vitória desmarca a passagem de PC Carpeggiani. Outra novidade deste jogo foi que, desta vez, a PM-PE não fez uso de gás pimenta para acalmar os ânimos dos descontentes.

Jogo de volta: Barradão, Vitória 4 x 0 Náutico. Um passeio! O time pegou ar, respirou e ganhou meia-moral ao vencer o Goiás, também por 4 x 0, após ralar até aos 23 minutos do segundo tempo, período onde o placar teimava em um 0 x 0 injusto e esquisito. A curiosidade deste jogo ficou por conta das chuvas torrenciais que caíram em Salvador, transformando o conhecido santuário da Rua Arthemio Valente, ainda sem número, em uma versão cabocla do piscinão de Ramos. Jogo adiado de quarta para quinta com um temporal de futebol de Ramon, o nome da noite.

Jogo de ida, Goiás 2 x 2 Vitória. Neste momento, o amigo torcedor Altair aplicou o primeiro beliscão no centro da testa para se certificar que não se travava de um sonho em vésperas do São João.

Vitória nas quartas de final da Copa do Brasil. “E que venha o Vasco!”, ameaçava Enéas Barreto, um pouco além da meia-noite na Rua Manoel Dias da Silva, no bairro da Pituba, feliz e ao mesmo tempo revoltado com a prisão do atacante Júnior, por uso de documentos falsos, crime tipificado como estelionato.

O BLOG, num dever quase “cívico”, explora a notícia. Reclamações são feitas e o Google remove o BLOG do sistema de busca. A família Carrera passa o seu primeiro mês comendo apenas bolacha cream crack e mascando Chiclete Adams, um dia sim, outro também.

E o Vasco veio… Estádio lotado. Projeto Barradão em chamas intensificado. Final de jogo: um show de bola do Vitória, notadamente no segundo tempo. O Vitória vence o time, inspirado e concebido em homenagem ao explorador português por 2 x 0 e a moral finalmente se estabelece e ganha as cores rubro-negras. E que venha São Januário! Ecoava pelos quatro cantos da Bahia, notadamente nos bares e botecos das quebradas e ruelas do Nordeste de Amaralina.

Vitória embarca em época onde as balas cruzavam o céu carioca como ganso canadense em tempos de migração. O time desembarca, joga mal e perde. Final de jogo, Vasco 3 x 1 Vitória, com o Leão com a gordura acumulada no jogo de ida. Volta para Salvador, salvo e classificado para a semifinal e, o melhor, com o atacante Júnior liberado, finalmente, para jogar na véspera do jogo.

As vitimas não param de chegar. O Atlético-GO é designado pela CBF para sofrer esportivas humilhações do Barradão. Justamente o Atlético de GO, o mesmo time a que o destino reservou a infeliz tarefa de rebaixar o aspirante a Campeão Brasileiro para a segunda divisão do Brasileiro no ano seguinte. Enquanto isto, em algum bairro nobre de Recife, Mauricio Guimarães Moura Costa acende as primeiras velas e jogava pragas que, mais tarde, Jesus cansado irá escutar.

12 de Maio, véspera de aniversário do Vitória. Em um jogo nervoso, o Atlético-GO abate o Vitória, por 1 a 0, e largou em vantagem na luta por uma vaga na final da Copa do Brasil. O gol foi marcado por Rodrigo Tiuí. Resultado que fez Franciel Cruz reservar quatro mesas, em um bar em Amaralina, em uma parceria inédita com o advogado André Dantas. O resultado era para ser comemorado, a simples devolução do placar sem qualquer juro levaria o Leão, pela primeira vez na sua história, para as finais da Copa do Brasil.

Jogo de volta: Dia 19 de Maio de 2010 torna-se uma noite mágica para todos os rubro-negros. Com uma linda festa da torcida, o Vitória vence o Atlético-GO por 4 x 0 com sobra e, ainda, reservando o direito ao goleiro Viáfara colocar a sua primeira rebolada em prática, ao bater uma penalidade máxima de forma irresponsável e, como consequência, é expulso e desfalcará o Leão para a grande final contra o Santos, que deixou de ser de Pelé para ser de Neymar. Franciel Cruz reserva novas mesas, encomenda caixas de Cepacol e convence o Ipiranguense histórico, Manoel Novaes, para fazer parte como o mais novo membro da família rubro-negra, convite aceite!

Dia 28 de Junho: Todos os santos se reuniram e protegem o Vitória. Retrancado, covarde e jogando nitidamente em busca de um empate ou de uma derrota pequena, perde para o Santos por 2 x 0, com o time santista perdendo gols incríveis, inclusive desperdiçando até pênalti de forma também irresponsável através da vaidosa cavadinha de Neymar que o goleiro Lee, por humildade, não resolveu matar no peito e sair jogando.

Mauricio Guimarães em Recife ajoelha-se, eleva as mãos para o céu e sussurra: Obrigado senhor! Franciel Cruz, usando a mesma estratégia de Osama Bin Laden, se refugia no alto de uma colina carregando no bolso esquerdo uma bíblia sagrada e, no direito, os números de emergência da Vitalmed. Franciel afirma com propriedade que estava pronto para o que por ele foi demoninada de a “batalha dos seiscentos”, uma espécie de mãe de todas as batalhas, profetizada e fracassada pelo finado Sadan Hussein.

04 Agosto 2010: Expectativas, torcida total, rubro-negros esperançosos, tricolores desesperados. 42 minutos ainda no primeiro tempo, cruzamento de Robinho, cabeçada de Edu Dracena, silêncio geral. Segundo tempo de jogo, um Vitória incansável, vira o placar, vence 2 x 1, MAS o Santos é Campeão Brasileiro, usando do critério do placar agregado de 3 x 2.

Mauricio Guimarães festeja e manda um cheque cruzado ao babalorixa contratado em São Fênix, com doutorado de mandingas em Angola. Franciel desce da colina e desconfia que Manoel Novaes era pé frio. Enéas Barreto acaba o noivado, Lucas Serra sucumbe e copiosamente chora ao telefone. Altair (TRI) tira férias e parte misteriosamente para o Rio de Janeiro em uma companhia até então desconhecida. Alex Bruno resolve dar um tempo ao futebol e se dedica, integralmente, ao lançamento da sua nova loja especializada de moda esportiva que já é um sucesso. Por fim, a Internet fica órfã dos ótimos textos de André Dantas, que abandona de forma radical as escritas e as leituras do mundo virtual, enquanto o Jornal Correio da Bahia se torna alvo das criticas e revolta de todos os rubros-negros.

Dia 16 de Fevereiro: Quarta-Feira, às 20h, no Almeidão, contra o Botafogo da Paraíba, o Vitória abre um novo livro tentando editar, entre suas páginas, mais um capitulo da sua luta de conquista de um titulo que, associado às suas tradições, dará, ainda que atrasado, reconhecimento em âmbito nacional que já faz por merecer.

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Confira a revolta do Franciel Cruz na Vila Belmiro, quase que antevendo os problemas que teria o Vitória, no jogo de volta no Barradão, ainda assim, acreditando numa virada no segundo tempo.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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