Bahia: time feito de paixão

É despiciente dizer como podem usar grandes triunfos seguidos de anos de estagnação para justificar um ponto de vista negativo segundo o qual o triunfo atrasou a mobilização para a superação dos fracassos dos anos seguidos. O tempo, neste caso, deveria voltar como uma história mal contada e apresentar as suas “verdadeiras razões”. A visão revisionista da história baseia-se nessas premissas negativas de procurar impulsionar a história apresentando-lhes uma versão “conscientizadora” de fatos manipulados pela consciência, porém imaginária e hipoteticamente sem qualquer maneira de ser comprovada.

Perdem-se, assim, em conjecturas sobre o gol de Raudinei e as conquistas do Bahia do Campeonato do Nordeste com as conclusões perturbadoras de que deveriam mudar o Bahia caso os resultados das últimas conquistas do Bahia fossem fracassos retumbantes. Esse exagero é para justificar os maus resultados quando o imponderável é próprio do futebol. Imponderável que a razão tenta negar.

Tenho certeza que se o imponderável não entrasse em campo o futebol perderia sua graça, o gol de Raudinei não entrava e o Bahia não ganharia a Copa do Nordeste duas vezes, como de fato ganhou. Por que não falar também do imponderável ajudando o arqui-rival? Campeonatos que foram conquistados pelo rival pelo penal mal marcado, pelo impedimento inventado e por um desses infortúnios que se chama de arbitragem infeliz.

A criação do “anti-Bahia” para justificar sua ideologia inspirada em sentimentos de raiva das realizações negativas serve para ilustrar uma fase em que o futebol se profissionalizou. A profissionalização consequentemente trouxe consigo o triunfo dos treinadores, preparados físicos e apelo midiático. Cada vez menos a torcida entra em campo, os heróis permanecem menos no clube e cada vez mais o fator racional parece ganhar espaço para se obter respostas exatas para explicar muitas vezes o imponderável.

O Bahia ganhou com Raudinei no último minuto do jogo e ganhou as duas Copas do Nordeste porque o futebol é feito mesmo de protagonistas dentro de campo. O ator principal ainda é o jogador, aquele que bate a falta e acredita na bola espirrada na área. O futebol perdeu muito desses jogadores que ganhavam mais pela sua devoção ao seu clube como verdadeiros heróis da pátria. Podemos dizer hoje que os títulos dos últimos anos do rival foram comprados com toda a certeza. Não comprado como se fosse roubado, não é isso que quero dizer. Entendo comprado pelos exércitos de jogadores que amam mais seu bolso que o clube; isso sabem administrar como uma família cujo orçamento deve bater todo mês.

Autor(a)

Redação Futebol Bahiano

Contato: futebolbahiano2007@gmail.com

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