Duelo de titãs no Esporte Clube Vitória

Os problemas do vitória não se restringem às péssimas atuações entre as quatro linhas do gramado, onde resultados positivos estão cada vez mais escassos. Fora de campo, nos bastidores do clube, as coisas andam quentes numa acirrada disputa de poder, um “duelo de titãs” que colabora para apequenar o time.
O “racha” noticiado pelo Jornal da Metrópole no dia 3/4, quando da contratação de Raimundo Queiroz para comandar o Departamento de Futebol do Vitória, só fez se acentuar. Queiroz foi trazido pelo presidente Alexi Portela para enfraquecer Jorginho Sampaio, ligado ao ex-presidente Ademar Lemos Júnior.
A crise interna, que se reflete nos gramados, teria se acirrado ainda mais depois que Alex anunciou que se afastará do cargo em 2010 e quer colocar em seu lugar o atual vice-presidente administrativo e financeiro, Carlos Sérgio Falcão. Ademar não aceita a indicação por achar que Falcão não é o nome ideal para ser o presidente do Vitória. Alexi Portela e Ademar Lemos estão em rota de colisão
O preço da rescisão de Mancini
O clima entre os dirigentes anda tão ruim que já se fala até na saída do técnico Vagner Mancini no fim do Campeonato Brasileiro. O treinador foi trazido de volta por Alexi Portela, após trocar o Vitória pelo Santos, por dinheiro, no início do torneio – coisa que muito torcedor ainda não engoliu. O detalhe polêmico é que ele assinou até dezembro de 2010, com multa rescisória altíssima – de dois salários, comenta-se, num valor total estimado em R$ 260 mil.
Os conselheiros, que ficam rondando o clube em dias de jogos e treinamentos, criticam a opção do presidente por um contrato tão longo com Mancini. Após a derrota para o São Paulo, no dia 14/11, a quinta consecutiva na reta final do Brasileirão, o clima azedou de vez. O treinador perdeu o pulso com os jogadores, já se desentendeu com Apodi e Leandro Domingues e depois teve de resolver um problema com Magal e Ueliton, que trocaram tapas durante um treino coletivo na semana passada.
Correndo por fora
Além dos grupos de Ademar Lemos/Jorginho Sampaio e Alexi Portela/Carlos Falcão, há outros pretendentes ao poder correndo por fora. O ex-senador Rodolfo Tourinho, em dobradinha com o ex-secretário da Fazenda Albérico Mascarenhas, deseja ver o filho Rodolfinho Tourinho na presidência do Vitória. Outro pretendente é o advogado Sinval Vieira, que atuou nas divisões de base e no futebol profissional do clube, antes de Alexi assumir. Depois, saiu brigado com ele. O xis do problema é justamente este – a oposição está longe de se unir em torno de um nome.
Mas Sinval e Rodolfinho descartaram a hipótese. Hoje, na crônica esportiva, Sinval quer ficar longe da vida política do clube. Ele não esconde que se afastou do Vitória por discordar dos métodos de Portela, mas diz que procura ser imparcial nos seus comentários. Já Rodolfinho avisou que está se transferindo para São Paulo em definitivo, onde o pai já tem residência fixa. Otimista, ele acha que até o fim do mandato de Portela, em 2010, haverá acordo.
Arrogância e pulso fraco
O presidente Alexi Portela também é criticado porque seu modelo de gestão é centralizador. Por ter colocado dinheiro do próprio bolso para pagar alguns compro missos, toma as decisões sozinho e não ouve seus companheiros.
Mas, no lamentável episódio envolvendo Apodi, que destratou colegas de equipe, imprensa e, sobretudo, a torcida rubro-negra, Portela demonstrou pulso fraco e não soube o que fazer. Quando o jogador anunciou que se despedia do Vitória, após ser barrado no time por Mancini, Portela simplesmente aceitou e ainda garantiu que Apodi ficaria treinando até o final do contrato.
Em todas as entrevistas, Alexi afirma que a equipe tem potencial, vive uma má fase, mas, na arrogância típica de dirigentes de futebol, não reconhece seus erros nas contratações. Depois que Neto Baiano foi embora, o time perdeu um “matador”, porque seu substituto, Rodrigão, não correspondeu. Assim como ele, outros jogadores fracassaram, mas Portela prefere se eximir da responsabilidade.
Falcão quer a continuidade
Sobre as eleições, Alexi Portela confirma a intenção de se afastar m 2010 para cuidar de seus negócos. Ele disse que todo conselheiro tem direito a se candidatar, mas não escondeu que Carlos Sérgio Falcão é o nome que terá seu apoio, negando-se a comentar sobre os demais concorrentes.
Falcão já tem discurso afinado. À imprensa, confirma ser um “liderado” de Alexi Portela, fala em austeridade para arrumar a casa antes de pensar em vôos mais altos, como assumir a presidência e até conquistar um título nacional. Descarta, portanto, a sua candidatura e avisa que pretende apenas continuar ajudando o Vitória, trabalhando ao lado de Portela, que, em sua opinião, deve disputar a reeleição. Aos 47 anos, Falcão é o responsável direto pelas finanças, mas manda e desmanda no clube, inclusive no Departamento de Futebol, desautorizando Jorginho Sampaio, que é ligado ao grupo liderado por Ademar Lemos.
Engenheiro civil, pós-graduado em engenharia econômica, pela Faculdade Estácio de Sá, e em finanças, pela Ucsal, com MBA pela Ufba e curso de extensão em negócios na Flórida, Falcão é sócio-diretor da Winners Consultoria Financeira Ltda. e integrante do conselho do Vitória desde 1989, quando foi levado pelo ex-presidente Maneca Tanajura Filho para assumir a diretoria de planejamento e controle entre 2001 e 2004. Com informações do Jornal da Metrópole

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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