Conferência Gigante Bahia é um sucesso

A oposição é contrária por definição. Parte à margem, por completo ou parcialmente, do ciclo de poder que exerce o direito da crítica convicta de ter idéias de mais valor comparadas às de quem decide. A I Conferência Gigante Tricolor/Luiz Osório, ontem, no Centro de Convenções, com cerca de 400 pessoas, simbolizou este importante papel na democracia – para comparar: 266 conselheiros elegeram Petrônio Barradas, em 2005; e 179 sócios votaram para o Conselho Deliberativo, em 2006. Além de críticas à crise administrativa, que tem entre os reflexos a ausência do Bahia da Série A do Brasilerio desde 2003, ficaram lições e a promessa de documento com propostas de mudança. “A nossa torcida tem que aprender a acompanhar o Bahia fora do estádio e participar da vida do clube”, conclamou o empresário Fernando Jorge Carneiro, líder do Movimento Unidade Tricolor. Derrotado nas eleições de 2005, viu Petrônio Barradas ser efetivado presidente, embora, dois meses antes, o Bahia tivesse caído para a Série C do Brasileiro. Fernando Schmidt representou o governador Jaques Wagner. Chefe de gabinete do governador e ex-presidente do Bahia, enalteceu o significado do clube na sociedade. “O Bahia é muito mais que uma paixão, é uma provação de fé”. Em seguida, condenou o sistema que impera por três décadas. “Ganhar ou perder faz parte do jogo, mas é preciso se adequar aos tempos”. Reforçou o pedido por eleição direta. No campo ideológico, percorreu caminho similar a palestra de Marco Aurélio Klein, especialista em marketing e planejamento esportivo e autor de Almanaque do futebol brasileiro. “A gestão, na maior parte dos clubes do Brasil, é antiga, apesar de o futebol não ser o mesmo do passado”. Ao debater a evolução do esporte nos séculos XX e XXI, focou exemplos de atuais potências renascidas na crise: o inglês Manchester United, na década de 1980; a Liga Inglesa, na de 1990; e o espanhol Barcelona, no começo deste século. “Criou-se o mito que as coisas modernas feitas lá fora não dão certo aqui. É mentira”, bradou, reprovando o comodismo e a insistência em modelos falidos de gestão que não se adaptam aos negócios. “A massa (de torcedores) vê os resultados imediatos e se satisfaz. São os pequenos resultados que prolongam no tempo estas administrações”. Marco Aurélio Klien alertou também para a importância do esporte como integrante da indústria do entretenimento. O setor movimentou US$ 700 bilhões em 2007 (R$ 1,18 trilhão), sendo 20% (R$ 235 bilhões) no esporte. Para ele, cinco pontos são essenciais: futebol como negócio, mercado de entretenimento, receitas possíveis e custos evitáveis; produto qualificado (conforto e segurança) e planejamento estratégico e técnicas. “No Brasil, Atlético-PR (10 anos) e Figueirense (5 anos) são os únicos a ter um plano estratégico de trabalho”, lamentou. Pela tarde, os participantes da I Conferência Gigante Tricolor foram divididos em grupos temáticos: novos sócios; divisões de base, previdência e assistência aos atletas; marketing e licenciamento de produtos; planejamento e gestão do futebol profissional; e patrimônio e estádio. A organização, com ajuda dos respectivos palestrantes, vai sintetizar as melhores sugestões e elaborar plano de trabalho e gestão do clube para o período de 2008/2011. O publicitário Nizan Guanaes não pode dar sua palestra, mas gravou um vídeo com mensagem de apoio à iniciativa. A conferência foi encerrada com uma mesa-redonda composta por segmentos da oposição.Marcelo Sant’Ana/Correio da Bahia

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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