Juca Kfouri: O Clube dos 13 já era

Blog do Juca – UOL

Pelo menos o espírito que o criou, 20 anos atrás, como alternativa para a falida CBF.

De lá para cá virou uma mera agência que intermedeia contratos com a TV e sustenta alguns poucos cartolas com salários interessantes.

De resto, virou apenas uma metástase do câncer que caracteriza a estrutura dirigente do futebol brasileiro, com mandatos intermináveis, arbitrariedades, conchavos, tudo que impede que tenhamos aqui uma NBA.

Porque o Clube dos 13 nasceu como semente de uma Liga Profissional, como na maior parte dos países europeus. Mas virou algo de tamanha incompetência que nem sequer foi capaz de organizar a Copa João Havelange, em 2000, fato que admitiu em seguida, ao prometer que nunca mais se meteria a tocar nenhuma competição.

Também, pudera.

Seu presidente de então, e de hoje, Fábio Koff, simplesmente estava num cruzeiro em alto mar quando Vasco e São Caetano decidiam o torneio. A crise que transbordou ontem pode até não dar em nada, como já aconteceu outras vezes.

Porque o medo das rupturas é amplo, geral e irrestrito, sem exceções. O que os cinco rebeldes do momento (Flamengo, São Paulo, Cruzeiro, Botafogo e Atlético Mineiro) queriam é razoável, nada mais do que retormar um mínimo de poder de decisão e acabar com as reeleições sem fim.

E o que é ou não é mais democrático no futebol é menos simples do que aparenta. A vontade da maioria dos clubes pode não ser, necessariamente, a vontade da maioria da torcida.

Por exemplo: se Flamengo, Corinthians, São Paulo, Palmeiras e Vasco que representam quase a maioria absoluta dos torcedores (50%, segundo a última pesquisa do Datafolha) quiserem, juntos, a mesma coisa, o que é mais democrático?

Serem derrotados pelos votos do Sport, Coritiba, Vitória, Goiás Portuguesa e Guarani?

O que o Clube dos 13 deveria fazer, e nunca fez, seria a criação de um fundo que permitisse o amparo aos menores e uma distribuição mais justa de recursos.

E por não fazer é que clubes como Flamengo e Corinthians, se fossem mais bem geridos, deveriam negociar seus interesses separadamente.

O rolo atual serviu, ainda, para demonstrar a tibieza do Palmeiras e a dependência do Corinthians (a posição do Vasco é a de Eurico Miranda, que dispensa comentários e que um dia prometeu nunca mais pisar no Clube dos 13).

O Palmeiras por romper a corda que havia ajudado a engrossar em troca de um cargo na próxima diretoria do Clube dos 13.

O Corinthians, que anunciava posições firmes em sua “nova” fase, foi levado à CBF pelo presidente da FPF na segunda-feira e de lá voltou aliviado. Daí ter renunciado, pelo menos temporariamente segundo um de seus representantes, aos seus maiores interesses.

Quem sabe um pronto-socorro financeiro (como aquele a que o Flamengo habitualmente recorre) e tranquilidade para fugir do rebaixamento tenham sido argumentos mais convincentes. Afinal, o passado já ficou para trás, o presente é a desgraça que é e o futuro a Deus pertence.

Porque à CBF, e à Globo Esporte, interessa manter o Clube dos 13 em sua eterna subserviência.

Autor(a)

Dalmo Carrera

Fundador e administrador do Futebol Bahiano. Contato: dalmocarrera@live.com

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